Esquizofrenia e falta de paciência
Texto de Rui Miguel
O problema do comportamento esquizofrénico de alguns adeptos leoninos tem uma razão muito profunda nestes mesmos adeptos, mais emocionais, nervosos e ruidosos, ao não permitirem um elemento fundamental na maturação de jovens atletas e na criação de uma equipa competitiva onde a principal base é a formação.
Esse elemento tem um nome: paciência.
Em Alvalade, a falta de títulos e o desejo de sermos finalmente campeões - e, diria também, a falta de controlo emocional ao vermos os rivais à frente de nós - tem feito com que, em vez de definirmos uma estratégia bem pensada e irmos dando os passos certos para sermos competitivos (veja-se a recente entrevista do Bruno Fernandes ao canal 11 em que diz esperar "que o Sporting venha a crescer e a estar mais perto daquilo que é a dimensão do clube, a estar perto de títulos a nível nacional, e que consiga lutar com os rivais para ser campeão"), andamos todos os anos em continuadas ilusões (tipo gestão à Sousa Cintra, que achava que era campeão depois da hecatombe de Alcochete) e num profundo desespero nos adeptos (à primeira falha de um jovem jogador, ou até mesmo de um jogador mais consagrado, o "tribunal" de Alvalade não tolera e rapidamente passa ao assobio e até ao insulto).
Com isto, não dá para fazê-los crescer. As direcções, ao gerirem para a bancada tentando dar cenouras para os adeptos se entreterem, procuram novos "craques de atacado" que ofuscam o crescimento dos mais jovens.
Com isto, é mais um ano que passa sem ganhar nem solidificar uma estratégia a médio / longo prazo.
Por isto, na minha óptica, esta pandemia do Covid-19 está a ser benéfica para o clube.
Jogar sem adeptos - que, convenhamos, por vezes atrapalham mais do que ajudam - permite ao Sporting mais tranquilidade, o que seria de todo impossível nos jogos com equipas matreiras, como Paços de Ferreira e Tondela.
Texto do nosso leitor Rui Miguel, publicado originalmente aqui.