Espelho meu, espelho meu haverá alguém mais sujo que eu?
A direcção do Benfica decidiu usar o jogo de Portugal contra a Hungria para condicionar ainda mais o árbitro, e a sua escolha, para o clássico a disputar no mesmo estádio e que, embora não decisivo, será importante para o desfecho da liga.
Começou pela recusa em se fazer representar na gala promovida pela federação, onde foram distinguidos alguns jogadores pelo seu desempenho na selecção e no sábado, dia do jogo contra a Hungria, energúmenos pertencentes a claques não legalizadas, mas muito bem organizadas, a insultar e a agredir ou a tentar, é a mesma coisa, adeptos e dirigentes de clubes adversários. O objectivo é óbvio: pressionar a federação de todas as maneiras possíveis, condicionar todos os envolvidos, para que o colinho continue até Maio e que possa celebrar, finalmente e ao fim de mais de 100 anos de história, o seu primeiro tetra. Só assim poderão, pensam, esconder o descalabro da actual gestão, das vendas e compras por valores inexplicáveis, comissões estrambólicas que esvaziam os cofres, estranhos acordos com clubes desconhecidos por onde circulam jogadores comprados, que por vezes nem à bola sabem jogar. Se até Janeiro/Fevereiro tudo estava sob controlo, arbitragens amigas, jogos calmos e descansados, adversários anestesiados, com dirigentes sem espinha e inteiramente dedicados à causa encarnada, jornalistas afectos ao clube, prontos a utilizar a sua posição para orientar a opinião generalizada, com direcções de jornais empenhados em tudo fazer para levar o Benfica tranquilamente ao tetra, inenarráveis programas diários sobre futebol com paineleiros que inventam, condicionam, mentem, traçam estratégias conjuntas, sempre com o mesmo guião. A comiseração capciosa é o prato diário destes supostos independentes paineleiros, prontos para todo o serviço. Os actuais dirigentes na sua finita sabedoria julgaram que chegava controlar a opinião publicada. Esqueceram-se, por talvez ser essa a sua escola e a ela não quererem ser equiparados, da forma como actua a velha guarda, que trouxe até hoje a podridão que é o futebol português. Num último estertor os antigos régulos tentam suster o poder que ainda julgam deter, confiando que um campeonato ganho lhes devolva o poder que há muito só eles ainda acreditam que possuem.
É isto o futebol português, temos uma selva onde tudo é permitido. Infelizmente temos na comunidade de jornalistas “desportivos” quem pertença a esta selva e que nela se enxurda com prazer. Os outros jornalistas olham para este mundo, e porventura bem, optam por desviar o olhar e ignorar o mais que evidente lodaçal. A horda de apoiantes exulta. Hoje no fórum da TSF lá estavam eles exaltados com todas as injustiças que lhes fazem. A eles o maior clube do mundo e arredores “não somos 6 milhões, se contarem bem somos no mínimo 7.5 milhões.” Depois desta desliguei e lá ficaram eles a chafurdar.