Era só um e chamava-se Peyroteo (3)
Caréga Maria
«A 12 de Outubro de 1937, nas Salésias, a estreia oficial de Fernando Peyroteo. Contra o... Benfica. Nem chá de tília que tinha [sido] aconselhado lhe amansar os nervos. “Estava tão perturbado que foi necessário ‘mister’ Szabo ligar-me os pés - trabalho que eu fiz sempre antes dos treinos! Todos falavam, as piadas vinham de todos e só um homem se mantinha calado: o treinador. Quando faltavam apenas 10 minutos para entrarmos em campo, Szabo fez diversas recomendações sobre a táctica a empregar e disse:
"Muita atenção, sinhores. A avançado-centro jogar Férnando. Rapaz novo não ter experiência dê jogo. Sinhores mais velhos ajudar para ele, bem dê clube! Não fazerem malandragem! Não ter graça nenhum! Brincadeira custar 10 por cente para sinhores’. [sic]”.Depois chamou Peyroteo e, murmúrio aventou: “Sinhor Férnando não perturbar com jogo. Não ter importância nenhum jogar mal. Gajos ir dizer para si coisas feias. Não engolir a isca, Férnando. Fazer dê conta ter algodon nos ouvidos. Não esquecer principal papel dê avançado centro: caréga Maria!!! [sic]”
Caréga Maria” era, na gíria de Szabo, atirar ao golo. Sem complacência. Em instinto mortal. Que era coisa que Peyroteo tinha havia muito. E que se apercebeu logo contra o Benfica: marcou dois dos cinco golos com que o Sporting ganhou - 5-3. Estava lançado. Definitivamente.»
In: Glória e vida de três grandes. A Bola, 1995, p. 105