Era o que faltava
Estádio de São Miguel
Enfim, quase sete meses depois, boas notícias para o futebol. O próximo jogo Santa Clara-Gil Vicente, do campeonato nacional, e os desafios Portugal-Espanha e Portugal-Suécia, da equipa das quinas no âmbito da Liga das Nações, já poderão contar com público nas bancadas. Por enquanto ainda em versão muito restrita: mil espectadores permitidos no estádio açoriano, e números que oscilam entre 2500 e 5000 mil assistentes nos desafios da selecção, ambos a realizar no estádio José Alvalade.
O futebol deixa de ser um dos últimos redutos interditos à normalidade possível nestes tempos ainda marcados pela pandemia. Entre múltiplas contradições das autoridades políticas e sanitárias, que foram andando aos ziguezagues nesta matéria, autorizando numas situações (provas hípicas e do desporto motorizado) o que proibiam noutras (quase todas as modalidades, além do futebol). Como não deixei de denunciar aqui.
São passos positivos, mas ainda tímidos. Exigem novo protocolo entre a Liga de Clubes e a Direcção-Geral da Saúde para vencer as últimas reticências deste organismo, eivado de preconceitos contra o público que costuma acompanhar ao vivo os jogos de futebol. Não faz o menor sentido que a DGS autorize à Federação o que tem negado à Liga, como se confirma pela luz verde emitida pelas autoridades sanitárias aos jogos da chamada "equipa de todos nós". Nem ninguém perceberá que nos desafios tutelados pela Liga se permita apenas nos Açores - a pretexto da autonomia regional - o que se recusa numa prova desportiva de âmbito nacional, onde as condições de igualdade competitiva são uma exigência irrecusável.
Aberto o precedente insular, não resta opção: também os estádios do continente devem admitir adeptos, em circunstâncias similares. Era o que faltava tolerar-se um cenário alternativo: apenas o estádio de São Miguel, onde joga o Santa Clara, contar com o aplauso e o incentivo do seu público. Como já tenho visto tanta coisa desprovida de sentido e lógica no futebol português, aqui fica desde já o meu alerta.
Leitura complementar:
Chutado para canto (3 de Setembro)
De disparate em disparate (10 de Setembro)