Em defesa de William Carvalho
Sim, foi um balde de água gelada. Porque consentimos o empate no último lance de jogo quando já antevíamos a vitória, aliás merecida. Estamos todos irritados - e com razão. O que não entendo é o regresso das habituais proclamações catastrofistas, como se este empate em terreno alheio ao fim de cinco anos e meio de ausência da Liga dos Campeões fosse um cataclismo.
Até já nem falta quem queira tirar William Carvalho do onze titular, imagine-se, alegando que o nosso médio defensivo nada fez no desafio contra o Maribor. Ou a confusão foi minha ou não devemos ter visto a mesma partida. Socorro-me portanto de dois jornais desportivos, o Record e O Jogo, na avaliação que hoje fazem do desempenho de William.
Escreve o Record: «Preenche uma cada vez maior faixa do terreno. Apareceu na área contrária e evitou problemas à defesa.» (Nota 3, só inferior à de Nani)
Escreve O Jogo: «Aos 31' carimbou a bola de cabeça com selo de golo, mas um defesa contrário evitou-o. Efectuou várias dobras aos centrais e esteve seguro no passe.» (Nota 6, só inferior às de Nani e Carrillo)
Invoco estas opiniões insuspeitas na expectativa de acalmar os ânimos de alguns que, reeditando uma das piores tradições do Sporting, já querem pendurar treinador e vários jogadores no pelourinho. Por causa de um empate fora de casa contra uma equipa que já tinha eliminado o Celtic numa pré-eliminatória.
Claro que William Carvalho tem lugar no onze titular do Sporting: quem sustenta o contrário passa a si próprio um atestado de incompetência enquanto espectador de futebol.
Alguns destes adeptos hoje tão apostados em correr com tudo e todos por causa deste empate devem ter preferido os jogos que o Sporting (não) fez na Champions em 2009/10, 2010/11, 2011/12, 2012/13 e 2013/14. É capaz de ser isso.