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És a nossa Fé!

Elas na história do Sporting (7): Madalena Gentil

Repito o que tenho dito e reafirmei ao iniciar esta série, no texto dedicado a Lídia Faria: sou um devotado sportinguista, educado a gostar de um clube eclético e habituado a vitórias e conquistas nas mais diversas modalidades, e não um simples apaixonado pelo futebol, para quem o Sporting se esgota nas suas competições e refregas. E, porque sei que essa vida só faz sentido num clima de competição com adversários capazes, poderosos e igualmente orgulhosos dos seus nomes e das suas histórias, estou, também, preparado para as derrotas que, inevitavelmente, hão-de vir a par dos triunfos.

 

A minha paixão pelo clube foi crescendo nesta luta, com muitas vitórias e muitas derrotas, nas variadíssimas modalidades que, ao longo dos anos, foram correspondendo ao desejo de um Sporting tão eclético quanto possível - às vezes, há quem pense, desmesuradamente eclético - levando-me, atraído pelo brilho das vitórias de que ia tomando conhecimento, a apreciar desportos a que o grande público  prestava, em geral, pouca atenção e a admirar nomes que, pela excelência do seu desempenho, se iam furtando ao anonimato. Um destes é o de uma excepcional praticante de ténis de mesa, uma mulher que correspondeu por inteiro ao caminho idealizado pelos fundadores do clube e que foi percorrido, no decurso de mais de um século, por tantos milhões de adeptos.

 

 

Estou a referir-me a Madalena Gentil, uma das mais brilhantes praticantes, ou mesmo a mais brilhante, da história deste desporto no nosso país. Apaixonadamente sportinguista, Madalena Gentil iniciou-se no clube com quinze anos, tendo tido, até se retirar, um percurso notabilíssimo. Em singulares, foi campeã nacional por seis vezes, entre 1968 e 1978, a primeira delas ainda com dezasseis anos, e, em pares, foi igualmente campeã nacional por cinco vezes, entre 1967 e 1979, com estreia, portanto, aos quinze anos. Foi campeã nacional de pares mistos duas vezes, em 1974 e 1978, e, em representação do Sporting, foi cinco vezes campeã nacional de equipas, entre os anos de 1972 e 1977. A sua carreira pode ser apreciada em mais pormenor no Armazém Leonino, a cujos autores agradeço algumas das informações que menciono. Poder-se-á verificar que, além destes títulos nacionais, Madalena Gentil obteve ainda muitas vitórias noutras provas, entre as quais Taças de Portugal e Campeonatos de Lisboa, e que foi, igualmente, campeã ibérica de pares mistos, fazendo equipa com o também atleta do Sporting Óscar Lameira. Outras excelentes praticantes da modalidade, como Marília Santamarina, Ana Lia ou Anabela Fernandes, foram decisivas, com os seus muitos títulos, para a posição de marcada proeminência que o ténis de mesa do Sporting, neste caso feminino, foi adquirindo, principalmente no último quartel do século passado, mas Madalena Gentil é, pelo seu extenso e cintilante currículo, credora de uma admiração muito especial.

 

 

Retribuindo os preciosos serviços prestados ao ténis de mesa e ao clube, o Comité Olímpico Português, a Federação Portuguesa de Ténis de Mesa e o Sporting   coroaram esta nossa grande atleta com diversas distinções, de que realço o Prémio Stromp, em 1978, e o Prémio Rugidos de Leão, em 1991.

 

Muitos sportinguistas, entre os que nunca ouviram falar e os que se lembram mal de Madalena Gentil, recordar-se-ão certamente dela ao verem as fotografias que ilustram o presente texto. É que esta grande sportinguista não se limitou a ser uma gigante nos palcos da sua actividade desportiva, dedicou quase uma vida ao nosso clube, onde passou perto de quarenta anos nos serviços administrativos, exercendo funções que a mantinham em contacto com os sócios. Os tantos e tantos milhares de sportinguistas que com ela, por isso, se relacionaram podem, também neste âmbito, testemunhar o seu inestimável contributo, na qualidade de funcionária competente e dedicada, para o crescimento, consolidação e sucesso de um modelo de clube que não podemos correr o risco de ver definhar.

 

 

Madalena Gentil partiu cedo, estando quase a perfazer-se um período de dois anos depois da sua morte. Espero que esta pequena homenagem concorra para um melhor conhecimento de tão insigne sportinguista e desportista, cujo nome, não tenho dúvidas, figurará  com merecidíssimo destaque na história do Sporting Clube de Portugal. Com tanto mais fulgor quanto o Sporting souber honrar a sua história e continuar a ser um clube que se distinga, com imenso orgulho, por um inalienável ecletismo. 

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