Elas na história do Sporting (4): Céu Lopes
Outra grande atleta do Sporting, que competiu em companhia de Lídia Faria, Eulália Mendes e Francelina Anacleto, a que me referi nos números anteriores, foi Céu Lopes. Excelente praticante da velocidade prolongada, Céu Lopes foi, entre as mais notáveis atletas portuguesas, uma das primeiras ou mesmo a primeira a não enveredar por uma abordagem generalista do atletismo, dedicando-se, praticamente em exclusivo, a uma especialidade.
O currículo de Céu Lopes é suficientemente eloquente, dispensando bem mais apresentações ou elogios. Resumidamente: vencedora, em 1968, fazendo parte da equipa do Sporting, do campeonato nacional da estafeta de 4x100 metros; cinco vezes consecutivas campeã nacional de 800 metros, entre 1968 e 1972; três vezes consecutivas campeã nacional de 400 metros, entre 1968 e 1970; duas vezes campeã nacional de 1500 metros, em 1971 e 1972, e vencedora, integrando sempre equipas do Sporting, por quatro vezes consecutivas, entre 1969 e 1972, do título nacional da estafeta de 4x400 metros. Foi recordista nacional, tendo superado muitas vezes as respectivas marcas, de 400 metros, 800 metros, 1500 metros e 4x 400 metros, sendo que, no ano de 1972, chegou a deter simultaneamente todos estes máximos. Também em 1972, foi a primeira atleta do Sporting a ganhar o Campeonato Nacional de Corta-Mato Feminino.
Lembro-me bem de, jovem, acompanhar o atletismo do Sporting e de ficar rendido às proezas e elegância de Céu Lopes, que, tanto quanto consigo lembrar-me, somava à qualidade dos seus resultados uma dimensão estética da técnica de corrida que, ainda mais, a valorizava. Não sei bem porquê, esta nossa grande atleta, pelo que posso julgar a partir das minhas conversas com outros devotos do clube e do atletismo e de algumas leituras, nomeadamente noutros blogues, não terá ficado tão ligada às memórias de muitos sportinguistas como aquelas a quem dediquei os três primeiros textos desta série. Pura injustiça, claro, se é que isto é mesmo verdade. O breve resumo acima exposto fala por si e não deixa margem para dúvidas sobre o nosso dever de prestar uma condigna homenagem a Maria do Céu Lopes, destacando o seu nome, com o devido relevo, ou seja a letras de ouro, como ela bem merece, na história do Sporting Clube de Portugal.