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És a nossa Fé!

Elas na história do Sporting (10): Naide Gomes

 

 

Enezenaide do Rosário da Vera Cruz Gomes, conhecida no mundo do desporto como Naide Gomes – ao que se conta, devido, por um lado, às dificuldades de pronunciar o nome e, por outro, ao facto de ele não caber nos marcadores electrónicos - é, sem margem para dúvidas, uma das maiores figuras da hIstória do Sporting Clube de Portugal. Qualquer vista de olhos, por mais distraída que seja, ao seu longo e riquíssimo currículo o confirmará, se é que alguém exige que tal juízo seja corroborado. Quantos atletas, mulheres ou homens, praticantes de atletismo ou de seja que actividade desportiva for, podem apresentar, nos anais do clube, um rol tão extenso de títulos,  vitórias em diversas disciplinas, recordes nacionais, medalhas, internacionalizações, participações em competições internacionais, em jogos olímpicos  e o mais que me estiver a escapar? Muito poucos, certamente.

 

 

A figura de Naide Gomes, no espaço do desporto português, resplandece de tal maneira que me considero dispensado de fazer  uma apresentação desenvolvida do seu palmarés. Mesmo uma enumeração sumariada dos seus triunfos, medalhas e recordes seria demasiado longa para um texto deste tipo, pelo que, como tem sido hábito, remeto os mais interessados para sites especializados na matéria, como este, por exemplo.

 

 

Naide Gomes nasceu em S.Tomé, em representação de cuja selecção esteve presente, entre outras competições, nos Jogos Olímpicos de Sidney, nos Jogos Pan-Africanos, em Joanesburgo, e nos Campeonatos da África Central, nos Camarões, em que ganhou cinco medalhas. Tinha onze anos quando saiu de S.Tomé e já estava perto de fazer dezoito, ainda júnior, portanto, quando veio para o Sporting, onde começou a ser treinada por Abreu Matos. Só relativamente tarde optou definitivamente pelo salto em comprimento, prova que viria a celebrizá-la e na qual obteve os mais importantes triunfos da carreira, não tendo, no entanto, deixado os seus créditos por mãos alheias nalgumas outras disciplinas. Assim, foi, também, campeã nacional de salto em altura e dos 100m barreiras, tanto ao ar livre como em pista coberta. Começou pelas provas combinadas, onde obteve, igualmente, grandes êxitos, em Portugal e no estrangeiro, tendo sido campeã nacional de hepatlo. Em todas estas provas, Naide Gomes foi recordista nacional, ultrapassando marcas que, nalguns casos, já duravam há largos anos, tendo ainda, na companhia de Eva Vital, Sónia Tavares e Carla Tavares, as duas últimas também atletas do Sporting, batido, em 2009, o record nacional dos 4X100m. Mas, foi, de facto, principalmente no salto em comprimento que Naide adquiriu o direito a um lugar de eleição na história do Sporting Clube de Portugal. A partir de 2002, ganhou dezassete títulos nacionais desta disciplina, nove delas em pista coberta. Esta nossa grande atleta levou o máximo nacional até aos 7,12m, tendo-o batido, imagine-se, vinte e oito vezes ( 28, não é engano), catorze delas em pista coberta.

 

Em grandes provas internacionais, Naide Gomes, para abreviar e evitar um post gigantesco, obteve, ao ar livre, dois segundos lugares em campeonatos da Europa, em Gotemburgo, em 2006, e em Barcelona, em 2010, ambos no salto em comprimento, tendo sido quarta classificada no Mundial de Osaca, em 2007, e no de Berlim, em 2009, também no salto em comprimento. Em pista coberta as coisas correram melhor, Naide não foi perseguida pelo azar que a atormentou ao ar livre – nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, por exemplo, falhou a qualificação para a final do salto em comprimento, num ano em que atingira os 7,12m  e em que fora, em Valência, campeã mundial de pista coberta – tendo conseguido dois títulos mundiais, em Budapeste 2004, no pentatlo, e, como já disse, em Valência 2008, e dois europeus, em Madrid 2005 e Birmingham 2007,os últimos três no salto em comprimento. Igualmente nesta disciplina, Naide Gomes foi vice-campeã mundial, em pista coberta, em Moscovo 2006 e em Doha 2010, e segunda classificada no Europeu de Paris, em 2011. Refira-se, ainda, que no pentatlo, em pista coberta, Naide foi também vice-campeã europeia no campeonato de 2002, em Viena.

 

 

Mais longe poderíamos ir se quiséssemos descrever exaustivamente a carreira de Naide, nem mencionei, por exemplo, o facto de ela ter sido vice-campeã mundial universitária em Izmir 2005. Mas, para o efeito, parece-me que basta. Os dados que apresento são mais do que suficientes para a elevar, como me propus, a um lugar de honra na história do Sporting Clube de Portugal. Estou, como é óbvio, a partilhar um sentimento comum a muitos e muitos sportinguistas, como pode concluir-se do facto de ter merecido já 10 Prémios Stromp, um número quase inacreditável.

 

 

Termino hoje esta série de posts sobre  algumas grandes mulheres da vida do nosso clube, algumas mulheres que, permitam que repita o que disse no primeiro texto, dedicado a Lídia Faria, parece, às vezes, estarem a ser esquecidas e que, contudo, desempenharam um papel talvez decisivo  na consolidação e propagação do sportinguismo e contribuíram de forma extraordinária para que muitos e muitos portugueses transmitissem aos seus filhos estes sentimentos e esta cultura desportiva, esta vaidade de ter participado na construção e crescimento de um clube com milhões de adeptos a partir, já lá vão mais de cem anos, da iniciativa de um pequeno núcleo de fundadores.

 

Referi um pequeno número de figuras, tendo eu, certamente, cometido  injustiças com a exclusão de algumas outras. Haverá muitos nomes que poderia ter incluído na série, mas, como avisei no início, não pretendi mais do que mencionar os que me parecessem especialmente relevantes, aqueles que eu considerasse imprescindíveis em qualquer lista deste género. Atendendo à riqueza da história do Sporting, é certo que outros que se dediquem a esta tarefa terão escolhas diferentes, talvez muito diferentes, todas com tão boas razões como as que apresentei. O atletismo foi esmagadoramente representado nesta minha selecção, mas salientei, também, a ginástica e o ténis de mesa, desportos que, muito graças às desportistas cujas carreiras no Sporting me esforcei por pôr em evidência, contribuiram, de forma decisiva, para o ecletismo de que tanto nos orgulhamos. Aqui neste blogue ou em qualquer outro sítio, espero que apareçam outros nomes. Venham eles, que ideias e memórias de grandes cometimentos não hão-de faltar.

 

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