Ecos do Europeu (21)
Como jogaram há três dias os jogadores portugueses contra a selecção da França na nossa derrota por penáltis de desempate em Hamburgo, em desafio dos quartos-de-final do Campeonato da Europa:
Diogo Costa. Seguro. Esteve sempre bem entre os postes, defendendo remates de Mbappé (22', 50', 90'+3). Infelizmente desta vez não neutralizou nenhum dos penáltis finais.
Cancelo. Discreto. Tinha ordens rigorosas do treinador para subir pouco no seu corredor, cortando a marcha a Mbappé. Missão cumprida.
Rúben Dias. Sólido. Deu pouco nas vistas, o que é bom sinal. Mas aos 66' protagonizou um corte precisoso e decisivo, abortando um ataque rápido dos franceses.
Pepe. Incansável. Exibição portentosa como comandante da nossa defesa. Ninguém diria que tem 41 anos ao vê-lo correr 50 metros aos 91' para bloquear Thuram. Digno de aplauso.
Nuno Mendes. Desequilibrador. Dínamo dominando a nossa ala esquerda, mais como extremo do que como lateral. Mesmo extenuado, ainda marcou penálti no fim. Melhor em campo.
Palhinha. Influente. É hoje um dos melhores médios defensivos da Europa. Atento e competente a distribuir jogo, com variações de flancos. Muito útil nas recuperações.
Vitinha. Pendular. A maioria dos passes verticais da nossa equipa saiu dos pés dele. Teve uma actuação em crescendo no jogo. Ninguém consegue roubar-lhe a bola.
Bruno Fernandes. Irregular. Teve um dos desempenhos mais discretos da equipa nacional neste Europeu. Nem nas bolas paradas fez a diferença. Bateu mal vários cantos e um livre.
Bernardo Silva. Apático. Mais de uma hora encostado à linha, sem tentar desequilíbrios, sem iniciativa. Melhorou com a saída de Bruno, ao assumir o jogo interior. Marcou penálti no fim.
Rafael Leão. Veloz. Autorizado a concentrar-se apenas em tarefas atacantes, ganhou quase todos os duelos a Koundé. Foi driblando e cruzando, mas quase sempre para ninguém.
Cristiano Ronaldo. Perdulário. Tentou marcar de calcanhar (63'). De cara para a baliza, atirou para a bancada (93'). Nem parecia ele. Pelo menos converteu primeiro penálti da ronda final.
Francisco Conceição. Inconformado. Mexeu com o jogo quando entrou, aos 74', rendendo Bruno Fernandes. Atacou a linha de fundo para servir Ronaldo (93') e ofereceu golo a João Félix (108').
Nelson Semedo. Dinâmico. Substituiu Cancelo aos 74', sem afectar o rendimento da equipa. Desarme irrepreensível a Mbappé (92'). Assegurou a cobertura defensiva à direita.
Rúben Neves. Apagado. Entrou aos 90'+2 substituindo Palhinha, já amarelado: o treinador quis assim prevenir outro cartão. Foi sempre muito menos influente do que o colega.
João Félix. Nulo. Rendeu Leão (106'). Entrou para os penáltis finais. Desperdiçou golo ao cabecear à malha exterior (108'). No fim, mandou a bola ao poste, atirando Portugal para fora do Euro.
Matheus Nunes. Invisível. Rendeu Vitinha aos 119'. Ninguém percebeu o motivo desta entrada tão a destempo: seria para marcar um penálti no fim? Acabou por nem tocar na bola.