Ecos do Europeu (12)
Enfim, uma emocionante sessão de drama no Europeu. Aconteceu ontem, em Leipzig. Tendo como figura central um dos melhores jogadores que vi actuar desde sempre: Luka Modric. Comandando a selecção croata frente à irregular Itália, o craque do Real Madrid - vice-campeão mundial em 2018, com seis Ligas dos Campeões no currículo - passou ontem do pesadelo ao sonho para acabar novamente num pesadelo.
O nulo inicial não se desfez no primeiro tempo. Na segunda parte, a Croácia conquistou um penálti. Chamado a convertê-la, Modric permitiu a defesa do guarda-redes Donnarumma. Qualquer outro talvez se afundasse: não foi o caso dele. No minuto seguinte, marcou: viu uma bola desacompanhada no coração da área e encaminhou-a para o sítio certo.
Euforia entre os adeptos: a Croácia parecia ter acesso aos oitavos-de-final.
Esteve quase a acontecer. Mas a 20 segundos do apito final, no oitavo minuto do tempo extra, os italianos empataram. Com um belíssimo remate em arco de Zacagni que atirou a selecção adversária para fora da prova.
Modric estava inconsolável. De nada valeu ter sido eleito pela UEFA melhor em campo, aliás com toda a justiça. De nada valeu ter batido um recorde: tornou-se no mais velho artilheiro da história dos Campeonatos da Europa, ao marcar com 38 anos e 289 dias. A 9 de Setembro, soprará 39 velas.
Inútil falar em justiça: no futebol impera muito mais o factor sorte. Azar para muitos.
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Está a ser um Europeu com poucos golos. Mesmo das equipas mais credenciadas. Repare-se no que aconteceu ontem com a Espanha em Dusseldorf: não conseguiu melhor do que um triunfo tangencial frente à modesta Albânia.
É verdade que nuestros hermanos, já com presença garantida nos oitavos, se deram ao luxo de entrar em campo com um onze quase totalmente renovado: só Laporte transitou do desafio anterior. Mas podiam ter feito muito mais, muito melhor. Desta partida retive praticamente apenas o excelente golo de Ferran Torres aos 13' com assistência imperial de Dano Olmo a partir de um magnífico passe cruzado de Laporte: 40 metros a rasgar toda a linha média albanesa. A jogada merece ser revista do princípio ao fim.
O jogo prometia mais golos, mas ficou por aqui. Talvez a selecção roja melhore quando recuperar o seu onze titular. Espero que sim.
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Mais bocejante ainda foi o Eslovénia-Inglaterra, que terminou empatado a zero. Os ingleses, que nada conquistam a nível de selecções desde o Mundial de 1966, têm melhor equipa, mas essa diferença não se materializou em golos. Harry Kane, Foden, Saka e Bellingham foram perdulários no encontro desta noite em Colónia. Aos 31' Kane rematou bem colocado, mas à figura: Oblak defendeu sem dificuldade. Aos 35' Foden levou perigo à baliza na marcação de um livre, mas o gigante esloveno neutralizou o perigo.
Do outro lado, o nosso conhecido Sporar foi tão inócuo na grande área como costumava ser quando jogava no Sporting. Dali não vêm surpresas.
Três jogos, portanto, com apenas dois golos ingleses: Bellingham contra a Sérvia, Kane contra a Dinamarca.
Imaginem que isto se passava com a selecção de Portugal. Andava tudo aos gritos a exigir a cabeça do seleccionador e o exílio perpétuo para meia equipa.
Croácia, 1 - Itália, 1
Albânia, 0 - Espanha, 1
Eslovénia, 0 - Inglaterra, 0