E se corre mal?
Já não é de agora, não é exclusivo de João Pereira, que o Sporting teima em começar os jogos com um a menos.
Vezes sem conta aconteceu antes da chegada de Amorim e com Amorim continuou.
Se com Amorim isso até nem era complicado, porque a máquina estava bem oleada e comandada e dava para rodar um ou outro em menor forma, com João Pereira, já deu para perceber que por enquanto isto não é assim.
Depois de na terça-feira, na derrota por goleada com o Arsenal, Edwards não ter justificado a água que gastou no banho, porque foi uma imensa nulidade enquanto esteve em campo, hoje como prémio teve de novo a titularidade, porque, segundo o treinador e isto são palavras minhas que copiei de alguém, o jogador consegue driblar meia-dúzia dentro de uma cabine telefónica. Ora o Santa Clara trouxe cabo de fibra óptica e na óptica do seu treinador aquilo foi preencher a área e suas imediações com postes de telecomunicações e quando fosse possível, enviar um twitt em direcção à baliza do Sporting. Mandou dois e num deles acertou na nossa caixa do correio. Já nós andámos ali à antiga, na óptica do telex e até chegámos, na loucura, a inovar e a enviar dois telefaxes a que o senhor dos correios, de vestimenta amarela, entendeu não prestar atenção e perderam-se duas boas oportunidades de evoluirmos na óptica das telecomunicações, que é como quem diz, poderíamos ter mandado duas encomendas registadas por correio verde para São Miguel.
Perdeu-se uma boa oportunidade de continuar-mos nos recordes positivos e ao invés, enveredámos pelos negativos e a borucracia da estação dos correios não desculpa tudo.
A excessiva serenidade do treinador, o que até poderia ser uma mais-valia, está a revelar-se contraproducente, aquele tablet já nos irrita a todos e quem deveria estar irritado com o ritmo a que as coisas correm era o treinador. Fazia falta um bocadinho do João jogador, para ajudar o João treinador, a quem os jogadores parece ainda não prestarem muita importância. Vê-se que não há uma referência no banco, ninguém de dentro olha para o banco na procura de indicações e no banco deve jogar-se mais futebol manager, que futebol a sério. Lamento, mas é o que eu penso.
Sei que não é fácil substituir Amorim e nem que ele tenha deixado os planos todos certinhos, o mesmo plano dado por pessoas com carisma diferente, tende a ser diferente, com resultados diferentes. É dos livros.
Será por isso que, para dar um cunho pessoal à equipa, o treinador João, ao invés de colocar o Edwards a 20 minutos do fim como está no plano, o coloca de início mesmo sabendo que isso pode não resultar, aliás não resultou e ele insistiu e reitera que não perdeu a confiança no jogador, se calhar querendo com isto dizer-nos que vai continuar a insistir nele? Não percebe o treinador João que pode estar a arranjar lenha para se queimar? É que uma coisa é o líder do balneário que foi Amorim, fazer coisas que às vezes nos desconcertavam, mas que tinha consigo todos os jogadores, outra é o treinador João por-se a inventar, sem o poder emanado de um ascendente que ainda não tem.
Quando assumiu o cargo, todos pediamos que João Pereira por enquanto não inventasse, que seguisse by the Amorim book e se desse a conhecer aos jogadores e se começasse a impôr no balneário. O tempo é curto, passaram duas semanas, e se é curto para fazer balanços, os resultados obrigam-nos a reflectir sobre um possível revés na aposta presidencial. Eu pelo menos não vejo muitos jeitos de isto acabar bem.
É do senso comum que a mesma água não passa duas vezes por baixo da mesma ponte. Seria avisado não se ter apostado duas vezes numa situação de risco que, se na primeira poderia considerar-se calculado, na segunda é um tiro no escuro, que resultou em dois tiros no nosso porta-aviões, até agora, com dois enormes rombos. Veremos se haverá tempo de levar o vaso a doca seca para reparações profundas, ou se se quiser, apenas reparar o leme para que continue a rota anteriormente traçada sem percalços de maior e garantir que os 10 pontos da CL nos garantem a passagem à fase seguinte, que a eliminatória da Taça com este mesmo Santa Clara é ultrapassada e que o primeiro lugar na liga é mantido.
Falta um mês para Janeiro e há duas situações possíveis: As coisas encarrilham e segue tudo na paz do senhor, com as dificuldades normais de quem disputa várias provas, ou as coisas continuam a descambar e para além de se perder o rumo, pode correr-se o risco de os melhores jogadores começarem a forçar a saída.
Creio que o presidente não terá equacionado esta opção, habituado que estava a que estivesse no balneário alguém que levava o Sporting às costas, presidente e Conselho Directivo incluídos e que por eles resolvia os seus problemas. Quem o substituiu não tem o carisma, a chama, a garra, a ousadia que ele tão bem sabia dosear e em quem os jogadores confiavam cegamente.
Ver aquela defesa tremer como varas verdes, leva-me a crer que os jogadores não confiam no treinador, ao ponto de o seguirem de olhos fechados, como faziam com o anterior. Isto conquista-se aos poucos, mas com resultados positivos e para isso há que começar a ganhar a sério, com todo o respeito pelo Bragança, que não passou de um jogo treino.
Amorim é passado, recente mas passado e todos queremos que corra bem, mas convenhamos que esta aposta tem tudo para correr mal.
Oxalá eu tenha que engolir estas palavras.