Dois golos na Amoreira para espantar a crise
Estoril, 0 - Sporting, 2
Voltámos às vitórias, após dois jogos de jejum. Voltámos a marcar, bisando. Voltámos a concluir uma partida sem sofrer golos. Tudo isto no Estoril-Sporting, disputado na noite de sexta-feira.
O resultado (0-2) foi construído ainda no primeiro tempo, com entrada dominadora, cheia de ímpeto ofensivo e muito confiante dos nossos jogadores. St. Juste, em estreia como artilheiro verde e branco aos 13', e Edwards', aos 21, construíram o resultado.
Ambos com assistências de Pedro Gonçalves, que regressou à posição em que mais rende, do lado esquerdo do tridente atacante. Desfazendo qualquer dúvida que Rúben Amorim pudesse manter em colocá-lo mais recuado, como acontecera na anterior jornada, com derrota frente ao Chaves.
Merece elogio o nosso futebol praticado nesta primeira parte. O trio móvel, lá na frente, fez realmente a cabeça em água à defesa adversária. Dinâmica permanente ao longo desse período. Resultou no par de golos e ainda numa bola à barra.
O meio-campo da equipa visitada foi estancado. Francisco Geraldes, cérebro da construção ofensiva estorilista, viu-se manietado pela dupla Ugarte-Morita - parceria muito recente mas que parece funcionar. O uruguaio e o japonês completaram-se bem, actuando em linha no corredor central, enquanto o Sporting atacava pelos flancos.
A segunda parte, estragada pelo árbitro Manuel Oliveira com um alucinante carrossel de 12 cartões amarelos exibidos, já foi de contenção pela nossa parte. A pensar no jogo europeu de quarta-feira em Frankfurt.
Mas o domínio, no bom relvado da Amoreira, permaneceu quase sempre nosso. O que ficou demonstrado no facto de o Estoril não ter feito um só remate enquadrado em todo o jogo.
O Sporting garantiu sem grande esforço os três pontos no mesmo estádio onde em 2021 vencemos com imensa dificuldade (1-0) e em 2018 fomos derrotados (0-2), nos gloriosos tempos do fabuloso "mestre da táctica".
Desta forma, demos um pontapé na mini-crise que se vinha esboçando. Aliás, demos um pontapé (Edwards) e uma cabeçada (St. Juste).
Seguem-se seis semanas alucinantes até à longa pausa de meados de Novembro para o Mundial do Catar. Com desafios em várias frentes.
Entretanto, esta péssima exibição do apitador no estádio do Estoril serviu para explicar, ao vivo e a cores, por que motivo os árbitros portugueseses ficaram excluídos do Campeonato do Mundo. Como aconteceu no Euro-21, como aconteceu no Mundial anterior.
Simplesmente porque não têm categoria para isso. Vão ficando só por cá, a estragar mais espectáculos de futebol. E talvez a ver qual deles consegue conquistar o Prémio Calabote de 2022.
Breve análise dos jogadores:
Adán - Outra actuação a provocar alguns calafrios. Saiu duas vezes mal da baliza, originando perigo para as nossas redes, felizmente sem aproveitamento pelo Estoril.
St. Juste - Estreia absoluta como titular no Sporting. Passou no teste. Pelo golo que marcou, pela precisão no passe e pela segurança evidenciada. Melhor em campo.
Coates - Oscilou entre passes mal medidos, sobretudo na saída em construção, com a habitual eficácia no nosso reduto defensivo. Alguns cortes oportunos.
Matheus Reis - Amorim apostou nele, deixando Gonçalo Inácio no banco. O ex-Rio Ave cumpriu. Desequilibrou em lances ofensivos e até cabeceou à trave (11').
Porro - Regressou após castigo, incutindo acutilância e velocidade ao nosso corredor direito. Ia marcando de livre directo (70'). É, pelo terceiro ano, titular indiscutível.
Ugarte - Fez parceria bem articulada com Morita no miolo do terreno. Cabendo-lhe o pelouro das recuperações na divisão de tarefas. Quase ninguém passou por ele.
Morita - Complementa o trabalho do uruguaio atacando com destemor o portador da bola e passando-a com critério e segurança. Vai crescendo de jogo para jogo.
Nuno Santos - Pouco influente neste desafio. Os centros saíram-lhe mal medidos, quase sempre de bola levantada, sendo facilmente anulados pelo adversário.
Trincão - Ainda à procura do registo adequado no Sporting. Bom no drible, mas falta-lhe confiança no último passe. Parece dar sempre um toque a mais na bola.
Pedro Gonçalves - Saiu com queixas físicas num jogo em que teve enorme utilidade. Duas assistências para golo, pormenores de classe, bem entrosado com os colegas.
Edwards - Fixou o resultado num lance em que marcou com enorme frieza depois de sentar o guarda-redes. Tem apetência pelo golo e não se inibe perante as redes.
Rochinha - Entrou aos 57', rendendo Edwards - poupado já a pensar na Champions. Desta vez sem nenhuma intervenção digna de registo. Passou ao lado do jogo.
Neto - Substituiu St. Juste aos 77'. Vinha com a missão de reforçar a solidez defensiva, ajudando a reter a bola. Foi bem-sucedido.
Esgaio - Entrou só aos 89', no lugar de Porro. Sobretudo para dar alguns minutos de descanso ao espanhol. Tempo para fazer dois cortes.
Sotiris. Em campo desde o minuto 89, rendendo Ugarte. Estreia absoluta do reforço grego de verde e branco. Entrou com atitude, o que é desde já um ponto a seu favor.
Fatawu. O jovem ganês substituiu Pedro Gonçalves aos 89'. Mal tocou na bola, mas não escapou ao amarelo do árbitro que adora interromper o jogo e exibir cartões.