Dois casos: Wendel e Gelson Dala
Texto do leitor AHR
O que distingue um bom dum mau scouting (no caso da prospecção), um bom dum mau treinador (no caso da formação da equipa com os jogadores de que dispõe), é a capacidade de reconhecer e acreditar nas capacidades de um jogador mesmo quando este jogue pouco ou tenha exibições menos convincentes.
Se o jogador tiver sempre exibições magníficas não é preciso scouting para nada e os treinadores não têm razões para ter dúvidas em colocá-lo a jogar. Descobrir num jogador aparentemente mediano qualidades para o elevar a um jogador de classe é que é factor de distinção da estrutura de um clube (dirigentes e treinador).
Vem isto a propósito, no Sporting, de jogadores como o Wendel (neste caso como um bom exemplo de gestão desportiva) e o Gelson Dala (como mau exemplo).
Na minha opinião o Wendel entrou tardiamente na equipa. Por pouco que não era dispensado, tão poucas foram as oportunidades que teve. Foi preciso vir [Marcel] Keizer para, em boa hora, reconhecer, por fim, a qualidade do jogador.
A verdade é que o Wendel tem sido bastante intermitente, com, até, exibições bastante apagadas, mas o que é curioso é que mesmo assim isso não o devolve à antiga condição de suplente ou de não convocado. A meu ver é porque se espera a todo o momento que expluda definitivamente como grande jogador. Tem técnica e velocidade suficiente para romper a partir do meio-campo até à grande área adversária e rematar. Não o faz, ou faz muito pouco. Porquê? Um mistério! Falta de confiança? Talvez. Mas isso é problema do treinador.
Espero ansiosamente por um treinador que venha para o Sporting e aproveite todo o potencial do Wendel. Manter o Wendel, ainda que com exibições abaixo do seu potencial valor, é um acto de boa gestão desportiva.
Há jogadores do Sporting em que eu já não acredito, o Miguel Luís, por exemplo, mas no Wendel ainda acredito. Quanto ao Gelson Dala, acho que as sucessivas dispensas que tem tido representam um acto de má gestão desportiva.
Eu vi-o jogar pela equipa B. É um jogador que não engana: velocidade, técnica, codícia e, sobretudo, sem medo de o um-para-um, situação que muitos avançados evitam, com medo de errar.
Todos reconhecemos nele um grande potencial. É preciso é dar-lhe as oportunidades que não teve. Tenho esperança que venha para o Sporting um treinador que incuta no Wendel a confiança que lhe falta e que ponha o Gelson Dala a jogar para ganhar a rotina de que precisa para despontar num grande clube, como o Sporting.
Eu acredito no Gelson Dala.
Texto do nosso leitor AHR, publicado originalmente aqui.