Do inferno ao céu
Da noite épica de ontem em Madrid, fica, entre tantos outros momentos, a saída, em tom cabisbaixo de pai e filha, para, num ápice, explodirem de alegria e regressarem, em passo corrido, para os seus lugares na bancada.
Fez-me lembrar a nossa final da Taça de Portugal de há uns anos, contra o Braga. A 10 minutos do fim, perdia o Sporting 0-2, quando um mar de adeptos abandonava, em tom desanimado, o Jamor. Após Fredy Montero ter feito o 2-2 era ver todos esses adeptos regressarem animados para os seus lugares, debaixo de uma enorme assobiadela por parte dos adeptos resistentes, que não tinham atirado a toalha ao chão.
Não posso criticar aqueles adeptos que foram abandonando o Jamor, largos minutos antes de soar o apito final. Nesse jogo, ao intervalo, o meu pai ligava-me a perguntar se não queria ir embora, pois assim antecipávamos a longa viagem de regresso até casa que nos esperava. Disse-lhe que não, para vermos no que dava o início da 2ª parte e a verdade é que lá fomos resistindo, continuando a apoiar a nossa equipa.
Um dos meus maiores lamentos como adepto foi não ter visto o célebre golo do Miguel Garcia que nos valeu a final da taça UEFA. Quando se deu o canto, abandonei a sala onde via o jogo. Nunca na vida, contra os graúdos dos holandeses, e no último lance do encontro, o Sporting alguma vez marcaria golo. E não é que marcou?
Das memórias felizes, enquanto adeptos, estão as remontadas e as suas reações. Revejo-me, pois, no maravilhoso momento protagonizado por aquele pai e aquela filha ontem à noite e que vão ser imagem indissociável da noite gloriosa do Real Madrid.