Do Casa Pia ao topo do Mundo
Atento o título acima, os meus caros poderiam pensar que me estou a referir ao melhor treinador de que tenho memória que passou pelo Sporting, Ruben Amorim, que revolucionou e acordou um gigante adormecido, devolvendo-nos o orgulho de fazermos parte desta grande família sportinguista. Para ser justo, um laivo deste despertar tinha já acontecido com outro treinador, Jorge Jesus, a quem a pecha de não ter sido vencedor retirou alguma luz ao futebol também entusiasmante que a equipa chegou a praticar e tendo conquistado até à altura o maior número de pontos na prova raínha. Outros valores (ou a falta deles) concorreram para que não ficasse na história do clube como um treinador ganhador. Ainda assim, nada comparado e a anos-luz do brilho que hoje o futebol que se pratica, irradia.
Passado o intróito e descodificando o título, o que quero dizer é que até quase ao final da primeira parte do jogo de ontem que os rapazes brilhantemente venceram, quando o inevitável Gyokeres empatou a partida, a nossa equipa deu uma de Casa Pia para pior, já que defendeu não com duas linhas de cinco, mas com um 6X4, que até chegou a ser 7X3 e ao contrário dos Gansos, não ficaram bem fechadinhos lá atrás, mas foram dando abébia atrás de abébia, que felizmente o nosso redes, o melhor em campo na primeira parte, foi defendendo como pôde, algumas vezes de forma brilhante. Era a fase autocarro a que não estamos habituados ver o Sporting praticar e como não é hábito, não saiu tão bem como com os Casa Pias do nosso campeonato.
Mas eis que um puto faz um passe (assistência é modernice) magistral e o tanque sueco a mete lá dentro com um remate soberbo e parece que as amarras, como que por obra e graça dos deuses da bola, se quebraram colocando em campo outra equipa.
E veio o intervalo e no reatamento, em pouco mais de cinco minutos aquela equipa à rasquinha a defender e amorfa a atacar, metamorfoseou-se e "de rajada" meteu duas batatas lá dentro, a primeira por Maxi e a segunda num "petardo" da marca de grande penalidade, a castigar uma falta clara sobre Trincão, que de ausente em parte incerta na primeira parte, apareceu em pleno na segunda. Tal como Pedro Gonçalves, uma inutilidade que fez dois passes soberbos, um deles para o segundo golo que é de se lhe tirar o chapéu. Quando estas unidades aparecem e se libertam, o cheirinho a bom futebol é logo outro e a equipa chegou a ser brilhante nalguns momentos.
O futebol é assim, por isso é tão entusiasmante. De uma derrota anunciada que até poderia ter acontecido e por números complicados, os jogadores souberam manter a calma e responder ao golo sofrido não com o descalabro, mas com vontade de vencer. Comparando com aquele jogo em que levámos cinco do mesmo City, eu diria que a diferença foi uma grande exibição de Israel, a existência de Gyokeres e Quenda e as enormes exibições na segunda parte de Pote e Trincão. E uma pontinha de sorte, que também faz parte, como disse o ainda nosso treinador.
Fomos "ambos os dois", clube e treinador, do Casa Pia até ao Olimpo em situações diferentes. Que por lá fiquemos durante muito tempo.