Do 3-4-3 ao 4-4-2 e volta
Com Rúben Amorim o sistema táctico do Sporting sempre foi o 3-4-3. Contra os mais fracos ou os mais fortes, o Sporting alinhava com três defesas, dois alas que faziam todo o corredor, dois médios centro, dois avançados interiores e um ponta de lança. As mudanças no decorrer dos jogos eram quase sempre feitas com jogadores diferentes nas mesmas posições. Com um jogador mais defensivo numa e um mais ofensivo na outra, ou com jogadores de "pé trocado" nas zonas laterais ele conseguia dar uma grande variabilidade ao jogo da equipa dentro do sistema táctico.
João Pereira manteve-se fiel ao 3-4-3 mas alterou posicionamentos, os alas ficaram mais projectados, os interiores aproximaram-se dos médios, mais gente no centro num losango doutras eras, mais tabelinhas e jogo interior, Gyökeres numa gaiola, tudo mais fácil para os adversários.
Veio Rui Borges, rodou a equipa para a direita e logo surgiu um 4-4-2. O médio direito era o antigo ala direito, os dois médios centro os mesmos, o médio esquerdo era o antigo interior esquerdo, o interior direito passou a estar liberto para deambular. Ou seja, na prática os jogadores continuaram mais ou menos nas mesmas posições e a fazer as mesmas coisas, atacando e defendendo mais ou menos do que faziam, mas a coordenação entre todos não era a mesma, sofremos golos em que o A dizia que o B devia ter ido e não foi, e ficámos sem saber o que entendia o treinador sobre o assunto.
De qualquer forma, como vários jogadores se sentiram logo confortáveis no novo sistema, como Quenda e Catamo, e alguns até melhoraram muito de desempenho, como Fresneda e Maxi, o jogo ofensivo da equipa até melhorou e o 4-4-2 foi continuando até que as sucessivas lesões de uns e o desgaste de outros o foi enfraquecendo e os resultados desfavoráveis começaram a surgir.
Depois da derrota em casa com o B. Dortmund e o empate caseiro com o Arouca, na iminência duma derrota pesada em Dortmund, Rui Borges resolveu voltar ao 3-4-3 e o Sporting alinhou com:
Israel; Quaresma, Diomande e Inácio; Esgaio, Hjulmand, J.Simões e Matheus Reis; Biel, Harder e Quenda.
Mesmo sem muitos titulares, mesmo com as lesões de Hjulmand e J. Simões durante o jogo, não há dúvida que a equipa reagiu bem à mudança e se sentiu confortável em campo.
Depois disso foram um empate (a violação do protocolo do APAF portista Manuel Oliveira que deu a expulsão a Diomande em Vila das Aves) e quatro vitórias consecutivas. Parece-me que o 3-4-3 está para ficar.
Não exactamente da forma da fase inicial da temporada, em que o Sporting controlava o jogo em zonas adiantadas do campo. Parece mais o 3-4-3 da primeira época de Amorim, baixando linhas para ganhar espaço para as arrancadas dos avançados.
Será muito por aí que o Sporting irá prosseguir nesta fase final da temporada. Defender bem a partir duma linha de 3, bem sincronizada e bem apoiada, atacar em velocidade pelas bandas laterais optimizando a capacidade física de Gyökeres.
A ver vamos se não vai ser assim...
SL