Ditadura financeira fala mais alto
A venda de três titulares indiscutíveis choca qualquer sportinguista, mas verdade é que os milhões de euros ‘fresquinhos’ que entram nos cofres, além dos outros milhões feitos com jogadores que não riscavam nada na equipa, salvam a época em termos financeiros. Este encaixe financeiro permite cumprir as obrigações com a banca e dar algum fôlego à tesouraria que se encontrava quase a zeros.
É verdade que o timing não foi o melhor, no entanto, Varandas e a sua equipa aproveitaram a janela sem cometer nenhuma loucura. Os três jogadores que acabam de chegar podem vir a ser uma mais-valia na equipa e o dinheiro gasto não é nenhuma barbaridade se compararmos com as compras feitas por anteriores direcções. A última chama-se Diaby que nunca convenceu e custou uma fortuna.
Depois convém não esquecer que o cérebro da equipa continua. Varandas foi coerente e não vendeu Bruno Fernandes por meia dúzia de milhões. Resta saber se tem capacidade para lhe renovar o contrato e a cláusula de rescisão para 200 milhões.
Na prática, a folha salarial mensal dá sinais de emagrecimento acentuado e enquanto isso realizou milhões como nunca foi feito em épocas anteriores (receitas de quase 90 milhões). Agora decidiu mudar também a equipa técnica - antes que a contestação aumentasse descontroladamente - que mostrava sinais de desnorte. A derrota em Alvalade foi a gota de água.
Obrigado a Keizer pelos dois títulos em seis meses. Até simpatizava com o holandês, mas a realidade é que o futebol apresentado esta época, mesmo com os titulares da época passada, nunca convenceu ninguém.
Espero que Leonel Pontes, ou outro, consiga colocar a equipa a jogar bom futebol porque acredito que o Sporting tem equipa para dar luta, embora a estrutura à sua volta seja tenrinha. Assim, as lesões se mantenham afastadas de Alvalade e o espírito de grupo supere os casos insólitos que teimam invadir o relvado, como aconteceu no último domingo.
Gerir um clube é decidir. Para já Varandas tem optado, e bem, pela consolidação financeira, pois este é o coração para nos podermos reerguer. Ninguém acredita que, depois do caos de há um ano, consigamos ser já campeões. Os milagres acontecem, mas a verdade é que nem com Jesus isso aconteceu. Mas quanto tempo mais teremos de esperar para ser campeões?