Disse Paulo Bento
Disse Paulo Bento no programa 'Mais Futebol', da TVI24:
"Aquilo que fica à distância é que o Sporting é um clube desunido, partido, que está permanentemente numa guerra. Durante muitos anos, até antes de eu ser treinador, e depois também, era um sítio onde os treinadores aguentavam muito pouco; agora parece que é um sítio onde os presidentes aguentam muito pouco também. Isso é traumático (...) Se fico surpreendido [Ataque à Academia]? Não me surpreende. Apesar de achar que aquilo que sucedeu na Academia foi o momento mais negro da história do Sporting. Foi algo que veio em crescendo. Não queria ter razão, mas creio que em novembro de 2009, após a minha saída do Sporting, disse algo parecido com isto: enquanto não se pensar que 60 mil são mais importantes do que 6 mil, ou enquanto deixarem que 6 mil sejam mais importantes do que 60 mil, o Sporting vai ter problemas. E a verdade é que os teve. Deixou que uma minoria ruidosa pusesse o nome do Sporting na lama. Acho que isso é deplorável e triste. Não nasci sportinguista, mas tenho um carinho muito grande por aquela instituição e custa-me ver o Sporting no estado em que está. (....) Vivi momentos extremamente desagradáveis, não a este nível porque não calhou. Mas tive de meter as minhas filhas dentro do carro na garagem do Sporting para não verem certos episódios. Tive de ser escoltado até minha casa para não haver qualquer tipo de consequência; tivemos de estar com as famílias fechadas num balneário ao lado do balneário equipa da casa, para que estivessem um bocadinho mais tranquilas. Tive a seguir à famosa eliminatória, pela negativa, dos 12-1 uma espera na Academia onde parei para falar com as pessoas.... Estas são situações são como bola neve, crescem... (...) Quando se permite que haja poder no clube para destituir treinadores e fazer determinadas manifestações, isto está invertido. Não sou contra as claques, mas elas não podem ter direitos e não cumprirem os seus deveres. Estive num país [Grécia] onde os adeptos do clube visitante não podem ir ao estádio, acho que estamos a caminhar para isso. Já tivemos pedras a voar nas autoestradas quando as camionetas vão para cima ou para baixo, estamos a fechar os olhos até que aconteça mais alguma tragédia. O que estamos a fazer é tirar as famílias do futebol, a impedir que possam ir as crianças e a senhora e não apenas o homem. Estamos a subverter tudo isto, em vez de irmos para uma festa, parece que estamos a ir para um sítio de terror. Alguém tem de meter mão nisto", finalizou.
Não é preciso dizer mais nada, e eu não diria melhor.
Parabéns Paulo Bento.
SL