Direito de Resposta - Miguel Poiares Maduro
Modelo Presidencialista
Inicialmente sem link para o texto de 13 de Maio.
No dia 12 de Maio publiquei excertos de um artigo de opinião assinado por Miguel Poiares Maduro no qual defendia a sua visão sobre como gerir o Sporting Clube de Portugal. Tomei conhecimento da existência do mesmo como referi na caixa de comentários através de uma publicação no Twitter.
Foi para esta rede social que remeti um dos intervenientes na caixa de comentários quando surgiu uma dúvida a respeito do modelo. Assumi o compromisso de averiguar se haveria dúvida semelhante e respectiva resposta. Deixei um tweet que não chegou a ser respondido e que já removi. «Como pode ver até o meu longo ensaio no Público (que já inclui praticamente todas essas ideias que incluí de novo neste artigo mais recente) é anterior... Ou seja, quando muito teria sido essa pessoa que me copiou a mim...! Mas também não o vou acusar disso. Sendo várias dessas ideias comuns a bons modelos de governação (embora não frequentes no futebol) pode ter-se simplesmente inspirado nisso. Não vou presumir que as foi copiar do meu artigo do Publico.» Foi nesta casa que se levantaram mais do que dúvidas, é também nesta casa que fica registada a sua resposta e por quem a procurou. Aqui: «O futebol é um terreno irracional e emocionalmente violento em que se aplica bem aquela máxima inglesa de que não há uma boa ação que não seja punida... https://www.tsf.pt/desporto/sporting/presidencia-do-sporting-questao-nao-se-coloca-11795272.html
No dia seguinte, a 13 de Maio, foi neste blogue publicado um texto em que era estabelecida uma relação entre os conteúdos de um texto de 24 de Julho de 2018 e o texto de 12 de Maio de 2020 assinado por Poiares Maduro.
Pensei reagir com base nos conteúdos disponíveis na caixa de comentários da minha publicação e com os links para textos de datas anteriores aos quais cheguei com relativa facilidade via motor de busca Google [1].
Mas e da breve passagem pela FIFA, haveria rasto que enquadrasse este texto de 12 de Maio? O ponto 2 do artigo de 12 de Maio não me parecia específico ao ponto de não puder ser da autoria de Miguel Poiares Maduro. Entre a autonomia científica que se lhe reconhece e o percurso recente…
Quando não sei ou tenho dúvidas, pergunto. E foi o que fiz em e-mail enviado às 18:33 de ontem sem mencionar qualquer nome (nem blogue, nem autores de artigos). Uma hora volvida, a resposta. Resposta por escrito, com link para vídeo de finais de 2017 e um documento elaborado aquando da passagem pela FIFA (https://resources.fifa.com/
E a chamada de atenção para outro texto fundamental, de 20 de Maio de 2018, https://www.publico.pt/2018/
Dúvidas houvesse…
Acordou-se que haveria lugar a uma aproximação ao jornalístico ‘Direito de Resposta’. Enquanto se afinavam pormenores, a realidade precipitou a compreensível necessidade de Poiares Maduro reagir ao artigo assinado por Rui Calafate publicado no Record de hoje.
Com a autorização do próprio, gostaria antes de aqui partilhar a resposta de Miguel Poiares Maduro, mais do que algumas impressões minhas, algumas das suas palavras.
Sinais de zanga?
«E já agora se alguns dos membros do seu grupo quiserem conversar sobre futebol e estes temas terei muito gosto.»
A porta está aberta e a carpete verde estendida. Teríamos muito gosto em lê-lo, em ouvi-lo falar sobre futebol, sobre os temas de que se tem ocupado. No dia em que quiser, sobre o que quiser, sem qualquer tipo de restrição, faça chegar o texto que muito bem entender. Da mesma forma que o coordenador achou muito bem deixar-lhe o convite sine die para um dos jantares que acontecem no Café Império.
«Terei muito gosto em me encontrar e discutir com os membros “plurais” do vosso blog quando oportuno [ou] até num evento por skipe ou zoom.»
A genuína simplicidade, ponderação e boa fé de Miguel Poiares Maduro, o movimento claro a favor de ‘paz’ são o perfeito exemplo do que para mim é ser Sporting. Ser Sporting, o Sporting Clube de Portugal já que ‘Sporting’ temos mais alguns (bem lembrado, caro Anónimo). Unir o Sporting? É este o espírito.
Não ficaria em paz com a minha consciência se não assumisse aberta e frontalmente o meu envolvimento nesta questão. Ignorava, por completo, que Rui Calafate iria abordar o assunto. E a abordagem inicialmente pensada obedecia, de facto, a outro protocolo. A realidade a impor-se e a baralhar os planos, nada de novo.
Na sequência do artigo que publiquei esta semana defendendo um modelo não presidencialista para o futebol (e o meu clube - o Sporting - em particular)
chamaram-me a atenção para que nalguns blogs sportinguistas circularia que algumas propostas do meu artigo desta semana seriam idênticas a um post publicado num blog sportinguista em 24 de Julho de 2018 por um outro associado do Sporting (nalgumas dessas críticas estaria mesmo implícito que teria plagiado estas propostas; nota importante, penso que não foi o autor do post que fez essas acusações e por isso não menciono o seu nome).
Curiosamente esse post até defende um modelo presidencialista (o total contrário do que defendo) mas há, de facto, coincidências noutros aspectos: limites à renovação de mandatos, controlos de integridade e comissão de ética para os aplicar. Acontece que eu já tinha defendido estas propostas antes de 24 de Julho de 2018... Como podem verificar já constavam, por ex, neste longo ensaio que escrevi para o Público em data anterior:
https://www.publico.pt/…/como-o-jogo-mais-bonito-ficou-tao-…
E já nem falo de as defender bem antes disso, durante a minha presidência do comitê de governação da FIFA e depois. Só que, nesse caso, são documentos e declarações em inglês. Mas para quem tiver interesse tem por exemplo alguns desses temas tratados nesta conferência que dei no Asser Sports Institute em 2017 sobre Boa Governação no Futebol (video):
https://www.lawinsport.com/…/report-from-the-first-islj-ann…
Se alguma coisa, portanto, seria eu a vítima de plágio. Mas também não acho que tenha sido isso que aconteceu com a pessoa em causa. Acontece simplesmente que alguns destes mecanismos são hoje comuns como formas de boa governação. Quem quer que estude minimamente estes temas conhece-os e pode sugerir a sua aplicação ao seu clube. Não acho que fui plagiado, mas era bom que pessoas que saltam para fazer essas acusações tivessem um pouco mais de cuidado... Ou se calhar não quiseram mesmo ter cuidado...
Um dos problemas dos que, com a sua irracionalidade e violência, passam o tempo a lançar bombas no futebol é que um dia arriscam que lhes rebente na cara»
[1]