Devíamos ter uma rede de olheiros
Texto de João Paulo Sousa
Apesar de Portugal produzir muito talento, não há suficiente, de qualidade superlativa, para alimentar os três grandes + o Braga, que aposta forte.
Mas a rede do Benfica vai mais longe. Além de ter uma rede de olheiros grande e com meios (euros), existem protocolos com clubes formadores e importantes no panorama nacional, como o Vitória de Guimarães, que cedem todos e quaisquer atletas que o Benfica quiser. Em Guimarães, os jovens são pressionados a ir para o Benfica, mesmo quando querem permanecer no clube, junto dos amigos e familia ou se pensam em outro grande.
Em simultâneo, o Benfica, nos escalões mais jovens, têm as "casas do Benfica" com futebol de formação, acabando por atrair e reunir talento, conseguindo assim um maior controlo sobre jovens que despontam na zona. Que mais não seja, serve até para identificar qualidade em adversários que enfrentam.
Se é possível recuperar o nosso lugar no futebol de formação? É. Mas obriga-nos a gastar tanto ou mais quanto gasta o Benfica. A somar a isso, precisamos de ter a sorte de vermos jovens afirmarem-se e terem sucesso no futebol profissional. Porque a "ideia" de clube que projecta jogadores com sucesso pesa muito na decisão de um jovem escolher o caminho (além dos euros), quando tem mais que um convite.
Deveriam ser aproveitados os sportinguistas que existem pelo país para montar uma rede de olheiros, além daqueles que têm vínculo e ajudas do clube.
Como é que se poderia motivar esta situação? Por cada atleta que consiga fazer parte dos plantéis do Sporting, o olheiro amador que o indicou receberia uma verba importante. Quanto mais objectivos (escalões que consiga percorrer) mais se compensa o dito olheiro amador.
Assim, teríamos milhares de olheiros espalhados pelo país, e se calhar, até pelo estrangeiro, de borla.
Era interessante, também, motivarmos os nossos núcleos a terem camadas jovens a competir.
Texto do nosso leitor João Paulo Sousa, publicado originalmente aqui.