Descalabro
Podem dizer-me que nunca o Sporting tinha ido tão longe na Liga Jovem: agora atingiu os quartos-de-final.
Podem dizer-me que não vencemos o Benfica desde 2017 em jogos sub-19.
Podem dizer-me que houve uma expulsão injusta e sei lá que mais.
Quero lá saber.
O que me interessa é isto: senti-me envergonhado, ontem à tarde, ao ver a nossa equipa (mal) orientada por Filipe Pedro ser goleada pelo Benfica no Estádio Aurélio Pereira.
Foi um descalabro: terminou 0-4.
É inaceitável. Não só pelo resultado, mas pela péssima exibição dos miúdos que vestiam de verde e banco sem honrar a camisola. Passivos, acomodados, sem pôr o pé, sem ir à luta, sem disputar a bola, sem perturbar o adversário.
Atitude inversa à que caracteriza o Leão.
Os nossos oscilaram entre o mau e o péssimo. E não me venham dizer, com ar condescendente, que são "meninos". Recuso desculpas de qualquer tipo, incluindo essa.
Vários destes jogadores treinam regularmente com a equipa principal e pelo menos quatro já foram lançados por Rúben Amorim em competições profissionais do primeiro escalão: Gonçalo Esteves, Nazinho, Dário e Rodrigo Ribeiro. Todos merecem nota negativa nesta cabazada sofrida em Alcochete.
Não só eles: também os restantes. Anoto-lhes aqui os nomes para mais tarde recordar: Callai, Chico Lamba, Rafael Fernandes, Miguel Menino, Renato Veiga, Mateus Fernandes e Diogo Cabral. Mais os que saltaram do banco sem nada adiantarem: João Daniel, Lucas Dias, Chermiti, Gilberto Batista e Kiko Félix.
A jogarem assim, muito poucos merecem lugar no nosso clube. Com esta falta de intensidade, com este ritmo lento em campo, com esta confrangedora ausência de mentalidade competitiva. Culpa deles, não do árbitro nem da guerra na Ucrânia nem da força gravitacional do universo. Também culpa do treinador.
Não foi só a derrota. Foi a forma como perderam perante um Benfica que conseguiu ser superior em todas as zonas do terreno e em todos os momentos do desafio.
Passes falhados, contínuas perdas de bola, incapacidade de ligar jogo, arrepiantes transições defensivas. Não faziam faltas, deixavam o adversário circular à vontadinha. Como se estivessem a cumprir mais um dia no escritório em rotina laboral.
Um Callai inseguro, um Chico Lamba desnorteado, um Rafael Fernandes inconsistente, um Renato Veiga desconcentrado, um Nazinho eclipsado, um Diogo Cabral apagado, um Mateus Fernandes desaparecido.
Isto pode ser um conjunto de jogadores, mas está longe de ser uma equipa.
Isto não é futebol que se apresente.
Frederico Varandas tem de dar um murro na mesa e alterar o que for necessário. Sem deixar isso para depois: deve agir de imediato.
Os escalões superiores da formação do Sporting não podem continuar a ser geridos desta forma. Envergonhando os adeptos. Ainda por cima com mestre Aurélio Pereira presente na bancada, o que torna tudo ainda mais intolerável.