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És a nossa Fé!

Derrota inédita em casa contra açorianos

Sporting, 0 - Santa Clara, 1

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João Pereira, sem transmitir sinais de confiança, assistiu ao primeiro desaire do Sporting na Liga

Foto: Miguel A. Lopes / Lusa

 

Era o jogo de estreia de João Pereira como treinador da equipa principal do Sporting, sucedendo a Ruben Amorim após a épica reviravolta em Braga que nos manteve invictos no comando do campeonato.

Ninguém dirá que o novo técnico leonino recebeu pesada herança. Pelo contrário, encontrou o Sporting numa das mais invejáveis situações de sempre. Onze vitórias seguidas - igualando o melhor início de época, marca só antes alcançada em 1999. Liderança isolada do campeonato, com seis pontos de avanço para o segundo. Imbatíveis nas competições internas. Segundo lugar na Liga dos Campeões, sem derrotas, cumprida a terceira jornada. Já qualificados para a meia-final da Taça da Liga. 

E - muito importante - com o mais valioso plantel da Liga portuguesa. Que é também o mais valioso plantel de que há registo na história do futebol português: 443,5 milhões de euros.

Quem poderia ambicionar mais?

 

Parece que tudo isto perturbou João Pereira em vez de o empolgar e encorajar. O técnico, que não pode dar instruções a partir do banco durante a partida, passou grande parte do desafio com atitude apática, parecendo mais concentrado num monitor do que no jogo desenrolado à sua frente. Nenhum dos seus adjuntos o substituiu na função de corrigir posições, ordenar maior velocidade, utilizar os corredores externos com eficácia e não abusar de toquezinhos inócuos no nosso meio-campo defensivo.

Mais de 41 mil pessoas presentes no Estádio José Alvalade arrepiaram-se ao ver como Vladan, logo aos 7', ia comprometendo a equipa com uma fífia monumental. Entregando a bola de bandeja a Vinicius num passe errado, dentro da área. O homem do Santa Clara - melhor em campo neste jogo, disputado há quatro dias - ficou tão surpreendido com a oferta que nem a aproveitou como podia.

Podia supor-se que era um erro ocasional. Mas não. Vários outros se sucederam. Quenda teve o corredor direito a seu cargo sem conseguir vencer um duelo. Daniel Bragança, assumido médio ofensivo, procurava compensar a inoperância de Edwards como interior esquerdo, acabando por se atrapalharem mutuamente. Geny, colocado na ala esquerda, voltou a demonstrar que funciona muito melhor no lado oposto. À direita Trincão apoderava-se da bola sem a largar, parecendo querer resolver tudo sozinho, sem noção de jogo colectivo.

Para cúmulo, Gyökeres foi incapaz de libertar-se da marcação de Luís Rocha. Sem espaço para se movimentar, procurava vir atrás. Mas aquele 5-4-1 montado pelo treinador do Santa Clara parecia um colete-de-forças para o craque sueco, subitamente neutralizado.

 

Os minutos iam passando, os nervos aumentavam. Também nas bancadas. Fruto da impensável goleada sofrida quatro dias antes, no mesmo local, perante o Arsenal (1-5). Números que já não se usam, fazendo lembrar péssimos tempos antigos. Marcaram da pior maneira a estreia internacional de João Pereira nesta súbita promoção da Liga 3 à Liga 1.

De repente, a equipa pareceu sofrer de paragem cerebral. Uma perda de bola junto à linha do meio-campo, com Morten a ver passar, bastou para desorganizar o nosso "bloco defensivo", mesmo em superioridade numérica. Dois adversários, Matheus Pereira e Vinicius, em rápida progressão com a bola controlada, baralharam as marcações: Debast foi passivo, Diomande ficou paralisado, Matheus Reis abandonou a posição para quase chocar com o marfinense enquanto Vladan, fora dos postes, se limitou a abrir os braços como Cristo na cruz. Quando despertou do torpor, já ela estava anichada nas nossas redes.

 

Do mal, o menos. Desta vez João Pereira não esperou pelo minuto 68 para fazer aquilo que se impunha desde o apito inicial: tirou o inoperante Edwards, trocando-o por Harder. Maxi rendeu Quenda, permitindo que Geny passasse para o corredor direito e logo se mostrasse mais eficaz na combatividade e nos cruzamentos. Mas o Santa Clara, em vantagem desde os 32', recuou ainda mais as linhas e tornou quase impossível a penetração. 

Podia ser-nos útil uma bola parada, mas não soubemos aproveitar livres nem cantos. 

Podia tentar-se o remate de meia-distância, como aconteceu duas vezes com Harder frente ao Braga: mal se tentou. E as possibilidade de êxito eram remotas, por haver nove jogadores de campo do Santa Clara entrincheirados em 25 metros de terreno. Já tinha sido assim contra o Casa Pia, mas dessa vez Daniel Bragança conseguiu desatar o nó aos 39', com Gyökeres a confirmar de penálti aos 80'. Agora nada disso. Ficando dois penáltis por marcar contra a turma visitante - o primeiro por claro derrube de Geny por Vinicius aos 16', o segundo quando Safira trava no chão, com o braço, um remate de Gyökeres aos 45'+2. Má arbitragem de Cláudio Pereira, péssimo desempenho do vídeo-árbitro Helder Carvalho, sem qualidade mínima para estas lides. Vão ambos para a jarra, merecidamente.

Parecíamos regressados a 2017, ao tempo anterior à vídeo-arbitragem em Portugal.

 

Temos queixa do homem de apito e do VAR, mas não sofremos a primeira derrota deste campeonato, à 12.ª jornada, por causa disso. A causa principal foi o desacalabro defensivo e a inoperância ofensiva num jogo em que não conseguimos um só remate enquadrado e dispusemos apenas de uma oportunidade de golo, desperdiçada por cabeceamento muito deficiente de Gyökeres após centro de Harder.

No final, desalento generalizado. No relvado e nas bancadas. Mesmo continuando em primeiro, mesmo com todas as aspirações intactas. Não tanto pela derrota, a primeira de sempre que o Santa Clara nos impôs em Alvalade, mas porque olhamos para o banco e não conseguimos ver ainda ninguém, naquela nova equipa técnica, a quem possamos verdadeiramente chamar treinador.

Há coisas a corrigir? Claro que sim. Mas a mais urgente é sem dúvida esta. «Pior do que perder um jogo é perder a identidade», lê-se na crónica deste Sporting-Santa Clara escrita por Alexandre Delgado no SAPO Desporto. Não há melhor síntese do que esta.

 

Breve análise dos jogadores:

Vladan (4) - Será só azar? Continua a sofrer golos. Mais um, desta vez contra o Santa Clara. Quase encaixou outro, numa arrepiante entrega de bola logo aos 7'.

Debast (4) - Podia ter feito a diferença com os seus passes longos, a esticar jogo, mas nem andou lá perto. Inoperante, sem confiança. Saiu aos 61'.

Diomande (3) - Culpa no golo: não comandou a defesa, como lhe competia. Tentou marcar de cabeça, após cantos (73' e 80') mas não é Coates quem quer.

Matheus Reis (3) - Deixou Vinicius fazer o que pretendia no golo açoriano, aos 32'. Inexplicável, ser central à esquerda com Gonçalo no banco. Saiu aos 61'.

Quenda (4) - A sua pior partida na equipa A. Não ganhou um duelo, não fez um cruzamento digno desse nome, não penetrou nas linhas. Saiu ao intervalo.

Morten (5) - Apagado. Tentou a meia-distância, rematando muito ao lado. Incapaz de travar o adversário no início do lance do golo. Saiu aos 78'.

Daniel Bragança (5) - Procurou ligar linhas, mas com pouco sucesso. Inventou um lance de ataque para Harder (69'). Foi o melhor que fez.

Geny (6) - O mais inconformado dos nossos, o que mais arriscou nos duelos e nos centros. Melhor no segundo tempo, em que actuou à direita.

Trincão (4) - O desnorte da equipa reflectiu-se nele, quando começou a tentar fazer tudo sozinho, com reviengas, sem nada conseguir.

Edwards (2) - O técnico voltou a apostar nele no onze. Outro fracasso. Extremamente inseguro, nem conseguiu receber bem a bola. Saiu ao intervalo.

Gyökeres (4) - Irreconhecível. Só se distinguiu por ter falhado um golo cantado, de cabeça, aos 69'. Nada mais conseguiu fazer.

Maxi Araújo (3) - Perdeu outra oportunidade para mostrar o que vale. Substituiu Quenda, ficando no corredor esquerdo. Com erros técnicos primários.

Harder (5) - Jogou todo o segundo tempo. Rendimento escasso, mas foi tentando. Dois bons centros, aos 69' e 79'. Infelizmente desperdiçados.

Gonçalo Inácio (5) - Não entrou de início, estranhamente. Substituiu Matheus aos 61'. Tentou impor alguma ordem à defesa.

St. Juste (5) - Substituiu Debast aos 61'. Transmitiu alguma segurança lá atrás. Cabecou ao lado aos 90'+3.

Morita (5) - Rendeu Morten aos 78'. Boa recuperação aos 80'. Também não se entende como é que não entrou mais cedo.

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