Deixem o Paulinho trabalhar
No ano passado, por esta altura, julgava que lutaríamos pelo terceiro lugar com o Braga. Agora, acho que lutaremos também pelo terceiro, talvez com menos incómodo vindo do Minho.
Apesar das fraquezas, Porto e Benfica continuam bem à nossa frente em termos de qualidade individual no plantel. O SLB tem pontas de lança suficientes para emprestar um a cada equipa da Liga e ainda sobra e o Porto mantém uma forma de estar em campo – em jogo, nas interrupções e demais artimanhas - que o torna sempre perigosíssimo, com alas que nunca mais acabam e centro campista de luxo, a que se devem somar este ano os da formação, francamente bons.
Temos uma equipa com bons jogadores e uma equipa técnica que consegue extrair sangue das pedras (ou lá como é a metáfora). Na Champions, levamos um banano do Ajax e fomos insuficientes com o Dortmund e há jogadores abaixo do híper rendimento do ano passado. Pote tem jogado zero (literalmente), Vinagre tem sido encadeado pela grandeza do clube, Tiago Tomás deve estará sentir em demasia que é e será segunda escolha (e a continuar assim, até pode ser terceira ou quarta). Esgaio começou bem, mas talvez não tenha o pico físico de clube grande, que vê os adversários agigantarem-se para se mostrarem. Feddal, Jovane estão também meio ausentes, Ugarte está em adaptação e não há Nuno Mendes.
Assim, olhando com frieza para a nossa malta e comparando com os equivalentes adversários, um a um, talvez seja mais fácil perceber a importância de um jogador como Paulinho. Sim, ele poderia marcar 15-20 golos por época, mas quem seria então o treinado em campo, o líder de equipa, o chefe de turno, o capitão de pelotão, o encarregado da obra que mete os colegas em sentido, puxa por eles e os força a olhar de frente para a responsabilidade que têm por vestir aquela camisola?
Sporting é campeão e agora está na luta, a um ponto do primeiro, depois de ter ido a Braga e ter recebido o Porto. Deixem o Paulinho trabalhar, pode ser que consigamos melhor que o terceiro que prevejo.