De protocolo a Porto ao colo
Dantes só havia um Portador de Alegrias, agora existem mais dois, Sérgio Conceição e Pepe.
Ontem o português com duplo P, extravasava tanta alegria que lhe subiu à cabeça.
O mais velho distraiu-se do jogo, catrapiscava uma mademoiselle.
O furibundo manteve-se calado, interiormente, injuriava o protocolo.
O melhor é ficarmos com as palavras do nosso leitor Francisco Gonçalves:
Ontem, embora não sendo habitual, naquele horário, tive tempo para ir espreitando o jogo que opôs o clube das antas ao Olympique Lyonnais. Confesso que não sigo muito de perto o campeonato francês, não obstante, na época em curso, ter um interesse particular chamado Nuno Mendes. Sabia que o Lyon não está a fazer um grande campeonato, mas nem sequer sabia que está em 9º lugar.
Jogando em casa e sendo uma equipa auto-intitulada “de Champions” – adoro estes títulos que os fruteiros, desculpe, os tripeiros, dão à coletividade! -, as minhas suspeitas eram de que o clube das antas passeasse o seu estatuto, face a uma equipa do meio da tabela do campeonato francês. Afinal, não.
Logo, no primeiro minuto, o caceteiro-mor da nossa Liga percebeu que a testa dos rapazes que chegaram de França não é tão vulnerável como aquelas que costuma encontrar na 1ª Liga. E se o caceteiro não regressou dos balneários, após o intervalo, Lucas Paquetá regressou todo fresco e ainda a tempo de marcar o golo que decidiu o jogo. Como parênteses, espero, muito honestamente, que Pepe melhore rapidamente, porque uma coisa é desejar-lhe fracassos desportivos, outra coisa seria desejar-lhe qualquer mal físico.
O Lyon foi, sempre, muito superior ao clube das antas, o que não deixa de causar alguma perplexidade, dada a categoria do conjunto portista reconhecida por todo o conselho de Arbitragem e comentadores especialistas de arbitragem, cá do burgo.
Então, o que falhou ontem? Falhou, tão-somente, um aspeto: a equipa de arbitragem e o VAR não têm qualquer pastelaria, no Porto, nem têm qualquer talho, na zona de Braga.
O jogo protagonizado pelo clube das antas foi igual a tantos outros: Evanilson simula penálti; Taremi simula penálti; Pepê simula penálti; Diogo Costa falha duas abordagens à bola e simula ter sido carregado; Otávio distribui fruta por tudo que é adversário e discute todos os lances com o árbitro. Nada de anormal, não fora o jogo não ser da Liga portuguesa.
No banco de suplentes, a coisa foi ligeiramente diferente: não exisitiram aqueles saltos do staff dos portistas – treinador, adjuntos, diretor desportivo, médico, enfermeiro, roupeiro e jogadores suplentes -, face a decisões de arbitragem de que não gostam e que, invariavelmente, os conduz para dentro do retângulo de jogo. Também a atividade dos funcionários das empresas de publicidade foi mais comedido. Quem tem cu, tem medo e a UEFA não é, exatamente, o conselho de Disciplina cá do burgo, nem o Conselho de arbitragem.
No final do jogo, em declarações à imprensa, Sérgio Conceição foi, mais uma vez, fabuloso. Disse o cavalheiro que o protocolo diz que o VAR não deveria ter intervindo, na reversão do penálti. Pois claro que não, era o que mais faltava. Ainda, recentemente, em Moreira de Cónegos, o VAR interveio – mal, diga-se! -, para reverter um penálti contra o clube das antas e a expulsão de Uribe. Mas, aí, claro, não foi o protocolo, foi o “porto ao colo”.