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És a nossa Fé!

De novo no topo, entre palmas e assobios

Sporting, 3 - Farense, 2

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Daniel Bragança abriu a contagem no dia da sua estreia como capitão da equipa em Alvalade

Foto: Miguel A. Lopes / Lusa

 

O pior em campo na jornada anterior desta vez ficou de fora: Adán, com lesão muscular, nem no banco se sentou. O mesmo aconteceu com Gonçalo Inácio. Para compensar, tivemos os regressos de St. Juste, novamente titular ao fim de três meses de ausência. E de Trincão, que começou no banco mas saltou lá para dentro, já recuperado da lesão traumática contra o Rio Ave em lance que devia ter sido penálti mas nem falta chegou a ser assinalada por um árbitro que corre o risco de ganhar o campeonato da incompetência.

Foi, pois, um onze poupadinho, este que no passado domingo enfrentou o Farense no nosso estádio, perante mais de 39 mil espectadores - as assistências avolumam-se à medida que prossegue a contagem decrescente rumo ao título que tanto ambicionamos.   

Além dos já mencionados, ficaram de fora Geny, Coates, Morita e Eduardo Quaresma. Já a pensar no desafio desta tarde, contra a Atalanta, para a Liga Europa. Mas, quando o árbitro Cláudio Pereira fez soar o apito final após boa actuação em Alvalade, apenas o moçambicano ficou mesmo sem jogar. Os outros foram entrando à medida que surgiam dificuldades e se impôs a necessidade de fazer sair os mais exaustos. O calendário tão intenso, com jogos de três em dias, vai impondo níveis muito elevados de fadiga física.

 

Talvez para prevenir isso, entrámos com óbvia vontade de garantir uma vitória rápida contra a turma algarvia, que havíamos vencido na primeira volta por 3-2 em Faro. Em desafio que se revelou muito mais difícil do que se previa.

Não há dois jogos iguais, mas o resultado deste Sporting-Farense repetiu o do embate anterior. Com grau de dificuldade idêntica. E no entanto até nem faltou quem antevisse goleada, pois antes da meia hora já vencíamos por 2-0.

Primeiro com uma bomba disparada por Daniel Bragança, de pé direito, aos 11': o disparo foi de tal ordem que embateu com estrondo na barra, desceu à linha de baliza subiu novamente ao ferro e só então entrou. Fazendo levantar o estádio em louvor ao jovem formado na Academia, em estreia como capitão no nosso estádio. Dedicou o golo aos avós, ali presentes, e emergiu sem sombra de dúvida como o melhor em campo.

Depois, destacou-se o suspeito do costume: Viktor, o craque sueco que faz jus ao nome próprio. Meteu-a lá dentro com assistência soberba de Pedro Gonçalves já de ângulo muito apertado, junto à linha de fundo do lado esquerdo. Aconteceu ao minuto 29: os três pontos pareciam garantidos.

 

Mas ainda não estavam. Porque aos 32' o argelino Belloumi despejou-nos um balde de água fria em forma de golaço, batendo Israel nesta tarde em que se estreava entre os postes num jogo da Liga 2023/2024. Remate indefensável: o jovem uruguaio ainda voou, mas sem conseguir deter a bola. Ao intervalo, 2-1.

Viemos estranhamente apáticos do balneário. Concedendo iniciativa de jogo ao adversário, em contraste com o sucedido na meia hora inicial, quando soubemos explorar muito bem a profundidade e fechar as linhas de passe do Farense.

Instalava-se o nervosismo nas bancadas.

O facto de o guarda-redes ser caloiro neste campeonato e o trio defensivo (St. Juste, Diomande e Matheus Reis) actuar também pela primeira vez não ajudou. O que viria a confirmar-se quando os forasteiros empataram, aos 50', pelo caboverdiano Zé Luís.

Havia que tocar a rebate. E assim foi. Três minutos decorridos, Pedro Gonçalves - com assistência de Esgaio - meteu-a lá dentro, bem à sua maneira, fixando o resutado.

 

Depois foi gerir. Com bola e sem ela. Jogo controlado, pausado. Aos 55', tripla alteração: Rúben Amorim trocou Pedro por Francisco (Trincão), Matheus por Eduardo (Quaresma) e Morten por Morita. A pensar na recepção de hoje à equipa italiana, sim. E também a prevenir lesões musculares, cada vez mais prováveis à medida que o calendário aperta.

Entraram depois Coates para render St. Juste - e trancar ainda mais a nossa defesa, novamente com ele a capitão e Diomande remetido ao flanco esquerdo dos centrais - e Paulinho, este como substituto de Edwards, mas tão apagado ou mais do que o titular. 

Foi o melhor que se arranjou: outro 3-2. Suficiente, ainda assim, para atingirmos 59 pontos à 24.ª jornada (para nós 23.ª pois mantemos um jogo em atraso) e recuperarmos a liderança da Liga isolados, beneficiando da goleada sofrida pelo Benfica no Dragão.

Aplausos à equipa? Claro que sim. Assobios é que não: infelizmente ouviram-se muitos, demasiados, nos minutos finais. Por alegado excesso de precaução defensiva. 

Enorme estupidez. Não dos jogadores, mas de quem assobiou. O que me leva a concluir, uma vez mais: alguns adeptos não merecem esta equipa que tantas alegrias nos tem dado.

 

Breve análise dos jogadores:

Israel - Sofreu dois golos indefensáveis, cada qual à sua maneira: não podemos assacar-lhe culpas. E ainda viu uma bola no ferro aos 48'. Mas sem fífias neste seu jogo de estreia na Liga 2023/2024.

St. Juste - Voltou em boa forma ao fim de três meses inactivo. É a ele a iniciar o primeiro golo, com excelente passe vertical. E ainda cabeceou ao ferro na sequência de um canto, aos 24'.

Diomande - Tentou colmatar a ausência de Coates no onze, mas é ainda muito cedo para o designarem sucessor. Preso de movimentos, melhorou só quando se encostou mais à esquerda.

Matheus Reis - Foi central à esquerda no "jogo de cadeiras" promovido pelo treinador para solucionar o xadrez defensivo. Mas é melhor como ala do que no centro da defesa, voltou a confirmar-se.

Esgaio - Talvez a sua melhor exibição da temporada após o apagamento de Geny na jornada anterior. Dinâmico, fez centro crucial para o primeiro golo e assistiu no terceiro. Difícil exigir-lhe mais.

Morten - Se andasse menos submetido a tão intensa pressão física, talvez tivesse impedido o primeiro golo do Farense. Sem Morita ao lado, imperou enquanto pôde no meio-campo defensivo.

Daniel Bragança - Enorme exibição do nosso jovem capitão (por ausência inicial de Coates). Marcou à bomba o primeiro golo. Esteve a centímetros de marcar outro, aos 87'. E ainda ofereceu um a Paulinho (78').

Nuno Santos - Exagera por vezes no adorno dos lances. Mas num centro bem medido, aos 25', quase forçou autogolo do Farense: a bola foi à trave. Inicia golo 2, bem articulado com Pedro Gonçalves.

Pedro Gonçalves - O melhor português desta equipa já é o segundo goleador do Sporting 23/24. Foi dele o terceiro golo, garantindo os três pontos. Já marcou 15 e fez 13 assistências: notável.

Edwards - Talvez por falta de confiança, continua a abusar do individualismo, como se por vezes se esquecesse da equipa. Rematou à figura aos 35' e perdeu demasiadas vezes a bola.

Gyökeres - É o terror do Farense: já lhes marcou seis em três jogos na época. No domingo, em Alvalade, mais um. Leva 18 golos marcados na Liga - e 32 em todas as competições da temporada.

Trincão - Substituiu aos 55' Pedro Gonçalves, que saiu com queixas físicas. Regressado de breve lesão, menos grave do que se temia, ainda não se apresentou na melhor condição. 

Eduardo Quaresma - Saltou do campo aos 55', substituindo Matheus Reis. Primeiro como central à esquerda, posição que lhe é estranha. A partir dos 69', actuou pela direita. Sempre seguro.

Morita - Rendeu Morten ao minuto 55. Refrescou o meio-campo leonino, sobretudo no capítulo da recuperação, e orientou os passes com a destreza habitual.

Coates - Substituiu St. Juste aos 69', impondo serenidade na linha defensiva com os seus cortes cirúrgicos (exemplar, aos 75') e a sua temporização no início de cada lance de ataque.

Paulinho - Entrou para render Edwards no minuto 69. Lento, algo apático, desperdiçou o 4-2 que Daniel lhe ofereceu aos 78', deixando-se interceptar. Nem sequer foi útil na posse de bola.

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