De novo a formação
Com Frederico Varandas chegou uma nova política de aposta na formação de jogadores, transversal a todas as equipas e todas as modalidades, com objectivos desportivos e financeiros bem definidos.
Apostar na formação significa investir em infraestruturas, em departamentos técnicos e em todo o staff de apoio. Mas ter equipas principais competitivas com um peso importante de jogadores formados localmente significa preservar a cultura do clube no plantel, o tal ADN Sporting, e poder concentrar os recursos financeiros em contratações que façam a diferença. E a própria formação, sendo paga pelos praticantes em muitas modalidades, gera receitas importantes para o clube.
Falando agora apenas de futebol, o treinador principal é um elemento essencial na aposta na formação, porque é ele que faz o "casting" final dos jovens para o plantel principal, dialogando com os técnicos da formação, observando jovens, chamando-os aos treinos, testando o seu desempenho, lançando-os na primeira equipa.
É também ele que orienta a contratualização dos jovens, aquele em quem os jovens e os respectivos empresários confiam ou não para prosseguir as suas carreiras no Sporting, sabendo que se vão projectar no clube e assim aspirar a chegar a um grande europeu.
Ao longo dos quase quatro anos que Rúben Amorim leva no Sporting, foram projectados Nuno Mendes (PSG), Gonçalo Inácio (ainda... no Sporting), Matheus Nunes (ManCity), Chermiti (Everton) e Tiago Tomás (Wolfsburgo). Geny Catamo está já nesse percurso.
Alguns outros foram tendo oportunidades para singrar. Se não o conseguiram, em primeiro lugar foi por responsabilidade sua. Entre estes e aqueles que, demonstrando valor nas equipas secundárias, não tiveram um "casting" favorável, o Sporting pode gerar um conjunto de vendas a clubes menores que no total talvez chegue a valores bem interessantes, podendo suportar os custos de Alcochete. Foi assim que saíram Max e Renato Veiga, por exemplo. Não me recordo de nenhum craque da formação que tenha fugido de Alcochete rumo aos rivais ou a grandes europeus nos últimos tempos, como aconteceu no passado, o que comprova que o relacionamento não só com os jovens mas também com as famílias e os empresários está a funcionar.
Neste momento, o futebol do Sporting tem seis equipas em competição:
1. Equipa A, em 1.º lugar na Liga com cerca de 1/3 de jogadores formados em Alcochete.
2. Mateus Fernandes e Samuel Justo emprestados a equipas da 1.ª Liga sem opção de compra.
3. Equipa B em 2.º lugar na série B da Liga 3.
4. Equipa C (sub23) em 4.º lugar da série B dos Sub23.
5. Equipa Sub19 em 2.º lugar da Zona Sul.
6. Equipa Sub17 em 1.º lugar da Zona Sul.
7. Equipa Sub15 em 1.º lugar na Série B.
Pelo que tenho lido, nas últimas convocatórias para as diferentes selecções até aos 20 anos o Sporting é dominante. Um cenário completamente diferente do que acontece nos sub21 e na selecção principal.
Isso claramente quer dizer que existe um antes e um depois. Um antes em que o objectivo era ganharmos títulos nas camadas jovens e meia dúzia de anos depois muito poucos se aproveitarem, e um depois onde existe um modelo baseado no jogador que os vai fazendo progredir de equipa em equipa de acordo com a sua maturidade competitiva até ao plantel principal ou até outros desafios algures. Com o Sporting a receber a devida compensação.
SL