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És a nossa Fé!

De equipa grande a pequena num jogo só

Sporting, 3 - FC Porto, 4 (Supertaça)

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Quenda marcou um grande golo na estreia como jogador da equipa principal do Sporting

Foto: Estela Silva / Lusa

 

Nunca tinha visto um jogo assim. Montanha-russa em que o Sporting parecia embalado para a glória quando se havia cumprido apenas meia hora da partida contra o FC Porto nesta Supertaça que opôs o campeão nacional (nós) ao vencedor da Taça de Portugal (eles). Fomos do cume ao precipício numa das mais desastradas segundas partes de que me recordo. Estávamos a vencer por 3-0 aos 24', chegámos ao intervalo com um resultado muito confortável (3-1) e em dois minutos fatais (64' e 66'), quando eles já tinham refrescado a equipa e nós ainda não, deixámo-nos empatar. No prolongamento, a estocada final: um golaço de Ivan Jaime sentenciou a partida, deu a primeira Supertaça conquistada pela turma portista contra nós e mergulhou a nação leonina na estupefacção. 

Como foi possível tão desastrada reviravolta?

 

As culpas devem ser apontadas, sem negarmos as evidências. E distribuídas. Desde logo incluindo o treinador: Rúben Amorim (sabemos agora) escalou mal o onze, ao apostar tudo no estreante Debast, que esteve muito longe de corresponder, enquanto deixava Diomande no banco para o importante posto de sucessor de Coates. E é duvidosa a sua confiança cega no recém-chegado Vladan, sentando no banco Israel, guarda-redes internacional pelo Uruguai que tão boas provas deu no terço final da época passada.

Mas houve também responsabilidades directas de jogadores. Começando pelos dois já mencionados. O jovem central belga, numa rosca disparatada, ofereceu de bandeja o primeiro golo à equipa que estreava Vítor Bruno como técnico principal. Podia ter feito muito melhor nos dois golos que sofremos na segunda parte, falhando cortes na grande área. E o guardião é muito mal batido no lance decisivo, o último, já no prolongamento: mal posicionado, muito para além da linha de golo, confiou no seu golpe de vista e... falhou.

Estrondosamente batido, enquanto os adeptos portistas explodiam em júbilo.

 

Claro que a história do jogo poderia ter sido bem diferente.

Aos 6', Gonçalo Inácio superou os centrais adversários no jogo aéreo, cabeceando com sucesso para as redes rivais. Aos 10', uma extraordinária arrancada de Gyökeres na ala esquerda foi coroada com um cruzamento recuado para Pedro Gonçalves a meter lá dentro. Aos 24', o momento áureo para as nossas cores: outro excelente trabalho do craque sueco na meia-esquerda com a bola a sobrar para o estreante Quenda, num remate acrobático de primeira, ampliar a vantagem. Que já parecia insuperável.

Mas não era.

 

Houve excesso de euforia, no campo e nas bancadas. Com arremesso de múltiplas tochas do sector do estádio municipal de Aveiro onde anteontem se concentravam as claques leoninas - uma das quais quase acertou em Vladan. Gestos que justificam severa punição da justiça desportiva.

Estes idiotas fizeram a festa cedo de mais.

De algum modo contagiaram os nossos jogadores. Que passaram a actuar com alguma sobranceria, roçando por vezes a displicência. Percebia-se que já consideravam favas contadas aquela Supertaça que nos foge há três anos. 

Estavam enganados. Menosprezaram o rival. Mesmo com um onze muito recauchutado e ausência de pedras nucleares da época passada (Pepe, Taremi, Evanilson, Wendell, Pepê, Francisco Conceição) a turma portista nunca deve ser desvalorizada.

Assim perdemos o primeiro troféu da época - por absurdo excesso de confiança, precisamente com o pensamento (profundamente errado), já expresso por alguns leitores do És a Nossa Fé, que este é «o pior FC Porto dos últimos 50 anos».

Não é. Como se viu.

 

Fica a lição. Para todos - incluindo nós, adeptos.

Mas sobretudo para os jogadores. E antes de mais ninguém para Rúben Amorim. Todas as cautelas são poucas, o plantel tem ainda carências: falta-nos um ala e um avançado, a poucos dias de começar o campeonato.

Uma andorinha não faz a Primavera. Uma derrota no primeiro jogo oficial da temporada não a condena ao fracasso, longe disso.

Eu acredito, claro.

Mas também não sou daqueles que transformam derrotas em "vitórias morais", tapando o sol com a peneira. Não contem nunca comigo para isso. Esta derrota aconteceu no sábado, hoje é segunda-feira e ainda me sinto incrédulo.

Como foi possível termos derrapado tanto quando havíamos conseguido o mais difícil?

 

Breve análise dos jogadores:

Vladan - Incapaz de travar o primeiro golo, que o apanhou desposicionado, falha por completo a abordagem no quarto (101'). Estreia infeliz, apesar da grande defesa que fez aos 87'.

Eduardo Quaresma - Cumpriu no essencial, sempre muito combativo. Passou a central à esquerda depois de Gonçalo sair. Aos 72' viu o cartão amarelo por protestos: é a nova regra.

Debast - Prestação calamitosa na estreia, como "sucessor" de Coates. Logo aos 4', quase fez uma assistência para o FCP. E aos 28' assistiu mesmo. Galeno deve-lhe a construção deste golo.

Gonçalo Inácio - Substituiu Coates no domínio do jogo aéreo ofensivo ao marcar de modo exemplar o primeiro golo, de cabeça, após um canto. Tentou repetir aos 90'+2, sem sucesso.

Quenda - Marcou um golo fantástico nesta estreia na equipa principal do Sporting só com 17 anos. Aos 42', ofereceu outro a Pedro Gonçalves, desperdiçado. O melhor Leão.

Morten - Sem o brilhantismo a que nos habituou na época anterior. Agora como capitão da equipa, pareceu nervoso e sem capacidade para desequilibrar.

Morita - Recuou para missões defensivas enquanto não lhe faltou o fôlego. Aos 86' ainda fez um corte precioso após canto portista. Não foi por ele que a equipa quebrou.

Geny - Sem Nuno Santos nem Matheus Reis, o treinador confiou-lhe a ala esquerda. E ele cumpriu a sua parte. Excelentes centros a servir Gyökeres (16' e 54') e Quenda (112').

Trincão - Rúben Amorim recomendou-lhe que jogasse mais perto de Gyökeres, como segundo avançado. Mas a parceria, manifestamente, não resultou. Muito apagado.

Pedro Gonçalves - Útil, no seu estilo inconfundível: por vezes não se dá por ele. Fez a assistência para o primeiro golo e marcou o segundo, num remate bem colocado. 

Gyökeres - Locomotiva até ao intervalo. É ele quem fabrica os dois primeiros golos, assistindo Pedro Gonçalves e Quenda. Podia ter marcado aos 16'. Quebrou fisicamente na segunda parte.

Edwards - Substituiu Trincão aos 83'. Conduziu bem um ataque rápido aos 96'. Sacou um livre aos 99'. Quase mais nada fez.

Daniel Bragança - Entrou aos 89', rendendo Morita. Demasiado discreto: nunca foi o médio ofensivo que aquele período do jogo exigia. Rematou ao lado (118').

Diomande - Tardiamente chamado a render Debast, só aos 90'+1, revelou alguma intranquilidade. A defesa melhorou, mas não muito.

Mateus Fernandes - Entrou aos 101' (saindo Pedro Gonçalves) e logo a seguir viu a bola tocar nele antes de entrar, selando o resultado. Um azar que não merecia.

Fresneda - Substituiu Gonçalo Inácio aos 101', alinhando como central à direita. Nervoso, trapalhão. Deixou a bola sair pela linha de fundo, incapaz de a dominar (120').

Rodrigo Ribeiro - Quase em desespero, Amorim mandou-o entrar, saindo Morten. Ao minuto 103. Ele queria a bola, mas quase nunca a recebeu.

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