De comunicado em comunicado
Enquanto os outros clubes preparam os embates com as equipas adversárias, neste início de uma temporada que se prevê muito desgastante e competitiva, o Sporting dedica-se ao passatempo favorito: disparar para dentro.
Desta vez contra o seu terceiro maior activo desportivo, que se vai desvalorizando de comunicado em comunicado com a chancela oficial da SAD leonina.
Bas Dost - que chegou a ser, ao serviço do Sporting, o segundo maior artilheiro do futebol europeu, apenas suplantado por Messi - valeu-nos uma das melhores médias de golos da nossa história: 31 por temporada.
Acontece que os vertiginosos comunicados emitidos desde sábado em Alvalade omitem a faceta goleadora de um profissional que poderia constituir um bom encaixe financeiro para o Sporting e as fontes oficiosas do Edificío Visconde de Alvalade apontam-no em simultâneo como uma inaceitável fonte de despesas. Tudo isto, assim conjugado, enfraquece a posição negocial da SAD enquanto entidade vendedora dos seus direitos desportivos. Com inevitáveis danos financeiros, desportivos e reputacionais para o nosso emblema.
Dost chegou por doze milhões, ficou cotado em dezassete milhões, esteve para sair por oito milhões.
Teme-se o pior: daqui a dois ou três comunicados, valerá certamente ainda menos.
O Sporting acaba entretanto de enriquecer o léxico desportivo popularizando nas notícias que vai difundindo nos órgãos de informação e junto dos papagaios de turno a expressão «alívio salarial». Será inovadora, mas denota algum mau gosto, até pelas conotações depreciativas do termo enquanto verbo pronominal.
Nenhum profissional que envergue a camisola verde e branca merece ser brindado com semelhante vocabulário.
E nós, adeptos, também não.