Das alternativas
Embora o Sporting no passado recente tivesse sido palco onde se degladiaram duas organizações que de secreto já têm muito pouco e que o conduziram ao estado letárgico onde se encontra, não sem que antes e durante e depois algumas algibeiras, melhor, alforges, se fossem enchendo à custa da depauperização do clube e da sua SAD, não é avisado, é certo, compará-lo ao país político. Aqui, indivíduos das mais variadas orientações estão irmanados do mesmo sentimento sportinguista e convivem de forma descomplexada e saudável com essa situação. Este blogue é exemplo disso mesmo.
Vem isto a propósito das alternativas ou falta delas, que na política sempre existem porque os partidos têm as suas bases programáticas, sendo por isso mesmo sempre alternativa ao que no momento esteja no poder. No Sporting alguns afirmam que não existem, de modo que não se justificariam eleições nesta altura, que seria mais uma eleição para queimar uma alternativa fraca ou inexistente e que seria "pior a emenda que o soneto".
Não sou dessa opinião. Entendo que a máxima "para pior basta assim", não se aplica aqui. Deixar prolongar no tempo o mandato deste conselho directivo, isso sim, é um conivente acto de desresponsabilização por parte dos sócios e do seu representante máximo, o presidente da Assembleia Geral. É mais fácil deixar "correr o marfim", eu sei, é mais fácil deixar acabar o mandato, mas a questão que agora se coloca, a da falta da alternativas credíveis, não correrá o risco de acontecer também no final do mandato? E se não aparecerem alternativas ditas credíveis, deixam os sócios continuar este grupo de incompetentes, se eles se recandidatarem, mais quatro anos à frente dos destinos do clube?
O que vivemos hoje é uma questão de tempo. E eu não sei se teremos já o tempo necessário para salvar o clube. Urge destituir esta gente que vem conduzindo o Sporting para uma belenização que creio a grande maioria dos sócios e adeptos não deseja, com a agravante de esta adivinhada belenização ser a actual e não a de há meia dúzia de anos. Vejam onde anda o Clube de Futebol "Os Belenenses", é isto que se pretende? Não sou catastrofista, sou realista. Não sou adivinho, mas sei ler os sinais que de tão evidentes nem preciso de bola de cristal, que o ataque é tão cristalino como a água da fonte.
Não será isto que querem os que acham que não é tempo de eleições, não tenho a menor dúvida, mas a sua aversão a esta ideia absolutamente necessária para a continuação da existência do clube como um dos grandes permitirá a delapidação de um património não só físico, mas imensamente sentimental e que pode ser mensurável em cerca de três milhões de portugueses, que cada vez mais se afastam do seu clube.
Os mandatos são para ser cumpridos, dizem. Uma ideia que perfilho sem qualquer rebuço, mas que terá que ter por detrás um verdadeiro substrato. Um CD que tenha um mandato em que as equipas lutem por títulos, que apresentem bom desempenho desportivo, que consolide as contas no positivo, que granjeie prestígio para o clube e o engrandeça, pode não ganhar qualquer título, que terá o meu apoio incondicional. Ao que assistimos de há dois anos para cá, é precisamente ao contrário e as evidências, passe a redundância, estão à vista.
Quanto à falta de alternativas, não passa de uma falsa questão. Posso até contar uma pequena estória que ilustra bem, de forma pitoresca, esta questão da falta de soluções para alguma coisa: Conta-se que tendo sido construída uma ponte em Sacavém sobre o rio Trancão, numa cerimónia oficial realizada na freguesia e localidade de Apelação (ambas no concelho de Loures, para quem não saiba), terão os seus moradores exigido ao poder político também uma ponte para a sua localidade. "Mas vocês não têm aqui rio!", ter-lhes-á respondido o representante do Estado, ao que o regedor terá respondido de imediato "trate lá V. Ex.ª da ponte que nós tratamos do rio!"
Pedro Azevedo, p. e., já se colocou à disposição dos sócios para construir as pontes tão necessárias à junção dos cacos em que se encontra o clube, com um projecto de programa muito bem estruturado e com ideias-base inovadoras que têm tudo para recolocar o Sporting no bom caminho. Outros aparecerão, certamente com a mesma intenção. E aparecerão os pára-quedistas, oportunistas e outros istas e até chupistas, faz parte, mas tenho para mim que se saberá distinguir, por uma vez, o trigo do joio.
É que, meus amigos, não tenhamos dúvidas, é a existência do Sporting Clube de Portugal que está em causa!
Deixemo-nos de rodriguinhos.