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És a nossa Fé!

Dar ao povo o que o povo quer - A farsa

12 clubes de três ligas europeias resolverm juntar se e criar uma nova competição a que chamaram superliga europeia. 6 clubes ingleses, 3 espanhóis e mais 3 italianos acharam que era este o momento para enfrentarem o poder da Uefa e Fifa e de certa forma rebelarem-se.

Não deixa de ser curioso que uma revolução deste tipo surja dos clubes mais poderosos e com mais capacidade financeira. São na sua maioria clubes que transcendem o seu país de origem em termos de adeptos, talvez aqui a excepção sejam o Tottenham, o Arsenal e o Atlético Madrid, com 4 clubes a destacarem se claramente neste aspecto, o Real, Barcelona, Manchester United e Juventus. Num negócio normal, esta revolução seria vinda dos mais fracos, dos que se sentissem explorados. No mercado do futebol é o contrário que acontecesse. Os clubes mais poderosos, os que mais ganham anualmente, revoltam-se contra a “casa-mãe” por acharem que dão mais ao futebol, financeiramente, do que aquilo que recebem. Sentem se espoliados de verbas, que são distribuídas por todos os outros clubes europeus, e que esses clubes consideram, sendo eles os principais responsáveis pelas receitas que permitem essa distribuição, que lhe são devidas. Assim, estes clubes resolveram avançar para uma superliga europeia em que pelas regras criadas por eles mesmos, têm lugar sempre garantido anualmente e permitem, é este o melhor termo, que outros, poucos, clubes ali possam competir, recompensando-os financeiramente. Há aqui alguns pontos interessantes, temos uma desvirtuação total da competição, em que os clubes fundadores para lá do que possa ser o desenrolar da competição não sofrem qualquer punição de uma eventual saída da competição. Temos também o caso de alguns destes clubes fundadores não terem, nem de perto, um papel desportivo relevante na europa. Se não têm uma presença europeia de registo só sobra a parte financeira para terem lugar nesta suposta elite das elites. E então aqui entramos no que verdadeiramente causa esta fractura nas competições europeias de futebol. É tudo uma questão financeira, nada mais. Estes clubes querem mais dinheiro. Muito mais dinheiro. O interesse no desenvolvimento do futebol, não é aqui tido nem achado. Não há qualquer preocupação em dinamizar uma competição justa e competitiva. Para lá destes 12 clubes fundadores, diz-se que mais três se juntarão ao grupo inicial, todos os outros serão peças secundárias, devidamente recompensadas para participar nesta espécie de competição, com os dados claramente viciados desde o início. Esta farsa assumida sem pudor pelos seus organizadores vai, de acordo com os estudos que fizeram, permitir encaixes financeiros nunca antes vistos, aos clubes fundadores. Acreditam que a sua massa de adeptos exterior ao seu país de origem, vai-lhes permitir obter receitas colossais e querem essas receitas, nem que para isso tenham que desvirtuar totalmente uma competição.

Os adeptos “locais”, aqueles que são a base, a “nascença” de qualquer clube, não foram sequer considerados, nem ouvidos. Os actuais presidentes destes clubes acreditam que os adeptos serão sempre adeptos, desde que lhes seja dado jogos para ver, não interessando a competição e as suas regras, ao bom estilo do Wrestling, todos sabemos que é uma farsa, todos sabemos que nada daquilo é real e que tudo está previamente combinado, quem ganha e quem perde. Não deixa mesmo assim de ser um espetáculo que gera receitas. É nisto que estes clubes pensam quando criam uma superliga europeia. Uma farsa, todos sabemos que é uma farsa, não há sequer a intenção de esconde-lo e haverá sempre audiências para gerar milhões de receitas. Se será o fim do futebol? Não me parece. Será o fim sim de muitos clubes tal como os conhecemos hoje, incluindo os clubes portugueses. Mas não nos podemos esquecer que foi a própria Uefa que dinamizou esta política remuneratória aos maiores clubes europeus, abrindo um fosso destes em relação a todos os outros.

O único trunfo, se o for mesmo, que a Uefa e Fifa têm, será a proibição de jogadores destes clubes, poderem competir pelas respectivas seleções nacionais. É fraco argumento, pois serão as próprias federações a pressionar a Uefa e Fifa, para tal não acontecer. Alguém imagina a nossa seleção sem os seus principais jogadores, CR7 à cabeça?

Portanto resta um caminho à Uefa: Dar mais e mais dinheiro a estes clubes. É o que lhe resta e é o que estes clubes querem.

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