Custo igual a mais qualidade?
É comum apresentar como argumento a falta de dinheiro, concretamente no SCP, como óbice à construção de uma equipa competitiva e de qualidade superior.
Esse é um argumento verdadeiro, se estivermos a pensar tão alto como um qualquer sócio do Real Madrid, Barcelona, Chelsea, Bayern de Munique, etc., etc. dum campeonato de primeira linha do futebol europeu.
Já o mesmo não será tão líquido assim para a nossa realidade. É certo que há por aí valores de aquisição de jogadores que são tão proibitivos que estão a levar os clubes à falência (que foi o que esteve a um “niquinho” de acontecer com o Sporting), contudo todos sabemos porque são tão elevados: Interesses mais que conhecidos estão por detrás deste irracional inflacionamento de passes, onde todos ganham menos o clube que vende e o que compra. Os fundos, os empresários, alguns dirigentes e treinadores, agentes e representantes dos jogadores, que por vezes são uma única e a mesma entidade. Entretanto algures pelo meio, em banho-maria, vai ficando o jogador, que é quem dá o corpo ao manifesto e que é dos que também menos ganha com o negócio, até nova transacção do seu passe, para gerar mais uns milhões de lucro.
Passado o introito e esclarecidas as devidas diferenças, foquemo-nos no nosso campeonato, tentando demonstrar que não é por falta de dinheiro que não temos uma equipa competitiva (por acaso até acho que salvo algumas “paragens” a equipa pratica um excelente futebol). Como sabemos, temos comprado baratinho e vamos cumprindo o desígnio da campanha de Bruno de Carvalho, de utilizar a prata da casa. Ora assim sendo, convém comparar, sem equacionar custos, os jogadores que constituem a nossa equipa com os dos nossos rivais. Vamos lá, um por um:
GR - Rui Patrício: Não tenho dúvida que o GR mais valioso do campeonato português é o nosso.
DD’s - Cédric Soares: Sem invenções de Fernando Santos, é o titular da selecção nacional, nada inferior a Maxi e muito menos caceteiro, talvez um pouco inferior a Danilo, mas não perderá para o brasileiro a defender. Miguel Lopes: que belos jogos tem vindo a fazer.
DC’s - Ewerton/Paulo Oliveira/Tobias Figueiredo: sinceramente não vejo grande diferença em termos individuais entre estes três, agora temperados com a experiência de Ewerton e os dos nossos adversários. Com a vantagem de serem muito mais jovens e com uma enorme margem de progressão.
DE’s - Jefferson/Jonathan: bom, comparar estes com Eliseu...
Médios – Como um todo, sem posições definidas: algum dos nossos adversários tem melhor que William Carvalho? e ainda temos João Mário e Adrien que não me parecem muito inferiores aos seus homólogos.
Avançados – Extremos e pontas de lança: A nossa maior pecha é no campo da finalização, onde não temos ninguém ao nível de Jackson Martinez, ou de Jonas, mas em contrapartida ninguém tem Nani! Ou mesmo Carrillo.
O que atrás se defende, ficou demonstrado nos jogos entre os três; esta diferença que se diz haver, não existiu efectivamente (excepção feita para o jogo do dragão, jogado em condições...estranhas). Ou seja, o dobro ou triplo de dinheiro gasto pelos outros por época em relação ao SCP, não se traduz nos resultados entre os três. E se todos sabemos que até agora temos nove empates (deixemos os três contra os rivais), seis desses devem-se essencialmente a falta de eficácia contra clubes de menor dimensão, contra quem é proibido perder pontos. Aqui reside a diferença para os nossos rivais, o último terço da nossa equipa é mais fraco, ou pelo menos tem-se mostrado menos eficaz que o dos nossos rivais.
Não me parece ser necessário fazer qualquer licenciatura em rendimento desportivo, finanças ou economia, para concluir que para a próxima época é imperioso garantir a continuidade dos jogadores dos sectores onde temos tanta ou mais qualidade que os rivais e desinvestir/investir (quem é do meio dirá reinvestir, provavelmente) no último terço, tentando vender quem não demonstra qualidade e contratando um matador, mesmo dando de barato que temos Rúbio que pode e deve subir e que pode dar um excelente contributo ao ataque do Sporting.
Não perdendo nunca de vista a contenção financeira, é possível fazer tanto ou mais que os outros, com menos. Haja garra, orgulho e noção da exigência que é representar o Sporting Clube de Portugal!
E já agora, saber fazer passar "isto" para todos sem excepção, para dentro do balneário.
Adenda: uma falha enorme, os treinadores. Um aufere a módica quantia de 4 milhões de euros anuais, o outro não faço a mínima ideia e o nosso muito menos. O primeiro foi o único que ganhou títulos, o segundo corre o risco de ser o primeiro em trinta anos (ou quase) a não ganhar nada no FCPorto e o nosso está sujeito a ganhar, no primeiro ano, a Taça de Portugal. Não façamos futurologia, mas até aqui não estamos muito longe dos outros...