Cuspiram acusações entretanto evaporadas
Existe no futebol uma espécie de justiça poética que tem seduzido tantos homens das artes e do pensamento: no fim de tudo, ela resgata os adeptos de incontáveis fracassos e decepções.
Na funesta época de que nos despedimos, essa justiça poética envolveu no seu doce manto dois membros da ilustre famiglia Pinho, domiciliada em Arouca. O filho do pai e o pai do filho protagonizaram em Alvalade um triste trecho de vaudeville digno das barracas de saltimbancos de antanho, cuspindo infundadas acusações ao presidente do Sporting dignas do menino malcriado e queixinhas da última fila da mais impenitente turma do ensino básico.
Tornados fugazes heróis de turno por meios de comunicação sempre prontos a fazer notícia do cão que alça a pata para mijar na escada, filho e pai juraram vinganças épicas contra o Sporting Clube de Portugal, que os dobrou sem espinhas no relvado, cá e lá.
Esfumaram-se desde então: a tal imprensa de vão de escada nunca mais lhes passou cartucho. E agora o próprio clube a que ainda presidem evaporou-se da primeira Liga, baixando sem remissão ao andar de baixo.
Enquanto esta justiça poética acontecer nunca deixarei de sentir fascínio pelo futebol.