Correu bem. Menos bem nesta saída
Agora já é oficial. Ruben Amorim está de saída do Sporting. No início de Novembro, e isso é o que mais me custa. Num Novembro com um calendário desafiante, que não pensei que não fizesse connosco.
Eu entendo tudo, oportunidades, a treta do comboio que não passa mais, os dinheiros, a grandeza do United. Mas tenho direito a que me doa, a não gostar, até de não me juntar a quem se zanga ou quem só tem gratidão. Até a pensar que sai do melhor Sporting que vi, para o pior MaUtd de que me lembro. Serão fracos consolos, mas preciso de passar por eles.
Cada um sabe de si, uns querem assobiar, outros aplaudir. Ou talvez sejamos só latinos cheios de nervos e sangue quente. Eu tenho-me sentido dormente, não tenho dúvidas na gratidão que lhe tenho, mas continuo em negação.
Não me lembro de ouvir todas as conferências de imprensa de um treinador, de ouvir de facto, de o acompanhar e entender. Mais que isso, ter vontade de o fazer.
Ninguém quer voltar à dança de treinadores, ainda parece cedo para não depender de Amorim. Uma saída em Maio seria difícil para nós, em Novembro é um duro golpe. Já não quero falar de culpas, já as pensei e atribuí todas, já baralhei e voltei a dar. Não nos leva a lado nenhum que não a dispersão e eu não tenho saudades nenhumas disso.
Sou daquelas pessoas que está com o treinador até à última, em nome da estabilidade. Admito que por vezes já nem fizesse sentido, mas temos más experiências suficientes para não querer andar sempre a mudar. Provavelmente já vi treinadores saírem todos os meses de uma época, mas agora é diferente, é o treinador que me está a deixar, quando está a correr bem. Tive vagamente esta sensação com Leonardo Jardim, mas não tínhamos sido campeões duas vezes, não foi Leonardo Jardim que ouvi religiosamente cada jogo durante os confinamentos.
Agora tenho dois jogos em Alvalade para me despedir, que queria que acontecessem e agora já nem sei. Que é que eu queria mesmo? Que nada disso tivesse acontecido, mas cá estamos.
O Manchester United é um grande clube, mas não posso ver esta como uma grande saída.
Correu bem, é inegável. Só queremos que continue a correr, agora sem Ruben Amorim.
'E passam jogadores, dirigentes, treinadores, E nós ficamos cá E nada mudará está forma de amar'