Como eu perdi a selfie da minha vida*
De vez em quando as pessoas devem fazer uma recapitulação crítica da sua vida e confrontar-se com as suas vergonhas. A primeira condição para isso é claro ter um passado e a segunda, bem mais bicuda, é ter tempo para isso. Enquanto espero por uns emails da América do Sul, que devem vir a bordo de uma nau da época do Império, inventario momentos embaraçosos. Partilho um deles. O episódio (que me deixa com as bochechas mais rubras do que o equipamento de you know who) conta-se de uma assentada. Para vos contextualizar: esta vossa amiga é muito, mas muito distraída (então se estiver a conduzir e tiver ao lado alguém para conversar, há o perigo de ir parar a Chaves quando o destino era Guimarães). Pois bem. Numa deslocação de trabalho, em Maputo, em Março de 2013, fiquei hospedada no Pestana Rovuma, em frente à Catedral. No hotel cruzei-me algumas vezes com um cavalheiro delicado que me saudou, “bom dia”, “boa tarde” e até me abriu a porta do elevador, cumprimentos que eu retribui com igual gentileza. Tendo a cabeça ocupada com questões de trabalho recalquei os avisos luminosos que se acendiam no cérebro. “Estás parva, é só alguém muito parecido”. Uns dias mais tarde quando me encontrei com um amigo português, fervoroso sportinguista, e este me contou o que se havia passado no jantar dos sportinguistas de Maputo apercebi-me da dimensão do disparate. O cavalheiro em questão era o Bruno de Carvalho, que mais tarde seria eleito presidente do meu clube. Ohmmmmmmmm.
* o único horror comparável (vá lá pior) do que perder uma selfie com o Bruno de Carvalho é perder uma com o Clooney.