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És a nossa Fé!

Com poucos remates é mais difícil marcar

Braga, 1 - Sporting, 1

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Pedro Gonçalves regressou aos golos marcando logo aos 25' na Pedreira

Foto Lusa

 

Comecemos pela boa notícia. À quarta jornada, vamos no topo do campeonato nacional de futebol. A par de Boavista e FC Porto - que nesta ronda arrancou a ferros um pontinho no Dragão em jogo que deve ter constituído escandaloso recorde mundial: 25 minutos de prolongamento, frente ao Arouca (3 na primeira parte, 22 na segunda). Com o empate portista a ocorrer aos 19' deste inacreditável tempo extra final.

Em doze possíveis, conquistámos dez pontos até agora. Muito acima do que estávamos precisamente na mesma fase do campeonato anterior: concluídas as primeiras quatro partidas, o título tornou-se logo então praticamente impossível para nós, com oito pontos perdidos. Nada a ver com os dois que agora deixámos pelo caminho. Precisamente na partida contra o Braga, em casa do adversário. Na mesma casa onde tínhamos empatado logo a abrir a Liga 2022/2023, então por 3-3.

Comparando este Braga-Sporting (1-1) com o da época anterior, mantém-se um padrão: estivemos a vencer mas fomos incapazes de segurar essa vantagem. Por incapacidade absoluta de resolver a questão em tempo útil, quando os índices motivacionais e psicológicos estavam em alta. Logo no primeiro tempo, em que fomos superiores - vantagem traduzida no 0-1 registado ao intervalo. Com Pedro Gonçalves, no regresso aos golos, a facturar logo aos 25' - correspondendo da melhor maneira a primorosa assistência de Diomande.

Houve um segundo golo, aos 38', mas não valeu. Seria uma estreia em grande de Morten como artilheiro leonino, mas o VAR invalidou-o alegando que Pedro Gonçalves, em fora-de-jogo posicional, interferiu no ângulo de visão do guarda-redes Matheus. Tese que todos os especialistas em arbitragem, sem excepção, validaram na imprensa de ontem.

 

Após a interrupção, repetiu-se um filme que já vimos demasiadas vezes.

O Sporting recuou as linhas, deixou à equipa anfitriã a iniciativa do jogo e tentou desatar o nó com ataques à profundidade, procurando explorar o avanço dos braguistas. Já sem Paulinho em campo mas com Gyökeres disponível para tal função. Acontece que o internacional sueco foi pouco e mal servido, além de andar muito distante da zona de tiro. Ao contrário do que devia acontecer.

Para agravar o problema, o nosso ataque fluiu pouco pelas alas e o meio-campo perdeu capacidade de choque com as substituições que Rúben Amorim foi fazendo - nenhuma delas com vantagem para a equipa. Ressalvo apenas a entrada, aliás muito tardia, do jovem Fresneda, que assim se estreou de verde e branco. Parece ter bom toque de bola, mas é cedo para avaliações.

 

Foi aí, nessa débil segunda parte, que deixámos fugir dois pontos. Pena: uma vitória na Pedreira ter-nos-ia dado a liderança isolada do campeonato como único emblema invicto à quarta ronda. Faltou-nos aquele suplemento de energia anímica indispensável para superar os obstáculos mais difíceis. Isto funciona também como elogio ao Braga, que tem uma bela equipa, aliás reforçada com vários elementos ex-Sporting - com destaque para José Fonte, impecável como patrão da defesa, enquanto Bruma mantém intactas as qualidades que já o distinguiam na Academia de Alcochete.

Muita incapacidade de jogo directo, muito drible inconsequente, muito rodriguinho com a bola sem saber ao certo o que fazer com ela. Muitos passes falhados - aqui, infelizmente, Daniel Bragança distinguiu-se pela negativa. E, acima de tudo, muita incapacidade de acertar no alvo. Ou sequer de o tentar. Basta reparar neste dado: chegámos ao fim com apenas cinco remates. Não rematávamos tão pouco desde Agosto de 2021 em desafios do campeonato.

Assim tudo se torna mais difícil. Apetece perguntar: será que nos treinos da nossa equipa o remate à baliza é aspecto secundário? A pergunta pode parecer absurda, mas pelo sofrível futebol que anteontem exibimos na segunda parte deste confronto em Braga talvez faça algum sentido.

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - Sofreu um golo indefensável, de livre directo, marcado de forma irrepreensível por Álvaro Djaló (78'). Logo aos 13', desviou com defesa aparatosa um tiro de Ricardo Horta.

Diomande - Um dos melhores em campo. É dele a assistência para o nosso golo, numa das ocasiões em que saiu com bola dominada, pleno de confiança. Impecável a defender: anulou Pizzi.

Coates - Outra grande exibição do capitão uruguaio, decisivo em recuperações, muito atento à manobra ofensiva do Braga. Deu nas vistas sobretudo com um duplo corte aos 66'. Pura classe.

Gonçalo Inácio - Jogando agora enfim na metade do terreno que mais potencia as suas características, travou duelo bem sucedido com Ricardo Horta. Corte oportuníssimo aos 55'.

Esgaio - Claro défice no capítulo ofensivo, parecendo sempre mais preocupado com as marcações ao extremo adversário. Quando progredia, via-se sem soluções e optava por recuar a bola.

Morten - Médio de equilíbrio, permitiu soltar Morita para fazer a ligação ao ataque. Tem bom remate, como evidenciou no golo (anulado) aos 38'. Saiu cedo de mais, talvez por fadiga física.

Morita - Excelente actuação do médio nipónico, sobretudo na primeira hora de jogo. Notável assistência para o golo (anulado) do dinamarquês. Joga muito e faz jogar, abrindo linhas de passe.

Nuno Santos - Tal como Esgaio no corredor contrário, abusou dos passes à retaguarda e pareceu várias vezes não saber ao certo o que fazer com a bola. Atravessa um período de menor fulgor.

Pedro Gonçalves - Integrando o trio da frente, onde sempre rende mais, fez jus à sua boa fama ao marcar o primeiro golo da temporada (25'). Muito festejado. Que seja o primeiro de muitos.

Paulinho - Terá entrado condicionado no plano físico, o que suscita a interrogação: por que motivo figurou no onze? Apático, sem iniciativa, acabou por não regressar do intervalo.

Gyökeres - Outro jogo sem marcar. Poderia tê-lo feito, isolado por Edwards, aos 57'. Aos 63', foi desarmado por Fonte. Desgasta-se em excesso a procurar a bola. Devia ser ele a recebê-la.

Edwards - Fez toda a segunda parte, substituindo Paulinho. Mantém as intermitências a que já nos habituou e o péssimo hábito de se agarrar demasiado à bola, como se jogasse sozinho.

Geny - Entrou aos 60', rendendo Nuno Santos. Substituição pré-agendada, repetindo ao minuto o que sucedera na partida anterior. Desta vez manteve-se na ala esquerda. Sem deslumbrar.

Daniel Bragança - Substituiu Morten aos 60'. Pouco ou nada lhe saiu bem. Desperdiçou lances de ataque, entregou duas vezes a bola, fez um livre desnecessário de que nasceu o golo do Braga.

Trincão - Entrou aos 72', substituindo Pedro Gonçalves. Com os defeitos do costume: rodopia com a bola, entretém-se com ela, vai-se esquecendo do jogo colectivo. Bateu muito mal um livre.

Fresneda - Estreia absoluta pelo Sporting, rendendo Esgaio ao minuto 85. Ganhou um canto aos 90'+7. Pouco tempo em campo para merecer uma opinião fundamentada. Venham mais jogos.

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