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És a nossa Fé!

Catar-22

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Sobre o desejável apuramento para o Mundial-22 já muito foi resmungado, aquando dos últimos jogos da selecção. Ficou este travo azedo, no deslizar do mais do que acessível apuramento até esta já desfocada miragem da sua obtenção. Tudo o que bem espero não se vir a tornar verdadeiro azedume. E agora, no sprint final do campeonato de Inverno, após as qualificações nas taças europeias, com o dealbar do "mercado de Inverno" futebolístico e, ainda para mais, com a concentração de boas festas natalícias e melhores intenções, as questões da selecção estão em pousio. Até porque a Federação foi renitente a mudanças - espero que com acertada visão - mantendo a crença na fé do seleccionador Santos. Para quê vir então, agora, perturbar a quadra com tal horizonte? 

Faço-o porque tenho visto, a espaços, jogos do campeonato inglês, no qual participam vários dos nossos habituais internacionais. É certo ser geral a tendência de mais se prezar os jogadores seleccionáveis com os quais se têm (ou imaginam) afinidades clubísticas, mas isso pode ser ultrapassado ou, pelo menos, matizado, em momentos de crise. E é também certo que no nosso campeonato também muito há para ponderar. E dessa atenção endógena três exemplos logo se realçam, denotativos do conservadorismo vero imobilismo de Santos: o relativo apagamento do habitual convocado Sérgio Oliveira; a grande época de Ricardo Horta, sempre esquecido. E a quase nula integração do campeão Matheus Nunes - ainda mais clamorosa quando o naufrágio contra a Sérvia passou pela titularidade de Sanches em nome do seu repentismo, do inesperado galopante que traz ao jogo, mesmo que seja jogador com fortes deficiências tácticas. E se são essas as características que o catapultam para os momentos decisivos bastará recordar a extrema competência táctica de Nunes e convocar o seu recente golo na Luz para perceber que o erro não é dos treinadores de sofá, pois é ele bem mais superior como centrocampista actual.

Mas vou aceitar como racionalmente prudente que não será no futuro próximo, em embate(s) tão decisivo(s), que Santos introduzirá alterações no seu naipe preferencial de trunfos. Por isso olho os consagrados que jogam nos campos ingleses. O novo treinador do M. United não só mantém a confiança no binómio atacante Fernandes-CR7 (o que tanto poderá/poderia beneficiar a selecção) como catapulta Dalot, este firmando-se como alternativa incontestável à direita podendo deixar a esquerda para um Cancelo, a jogar esplendidamente. Enquanto Bernardo Silva brilha como nunca (e muito já brilhara) e Dias se mantém um rochedo. Mas não vim fazer um postal cobrindo de A a Z os jogadores seleccionáveis. Pois o que me convocou este postal foi ter assistido ao recente Wolverhampton-Chelsea. O Wolverhampton de Bruno Lage jogou com 4 titulares portugueses e ainda fez entrar um outro. Enfrentando o campeão europeu, uma equipa que segue no topo da tabela, um dos três reais candidatos ao título (conjuntamente com o Manchester City e o Liverpool) e que se caracteriza por um futebol muito pressionante, de grande exigência física e táctica. A equipa de Lage jogou muito bem, algo consentâneo com o belo campeonato que vem fazendo (um actual 8º lugar, na senda dos dois primeiros anos após o seu regresso a esta Liga nos quais, sob Espirito Santo, obteve 7ºs lugares). O relevante é que durante aqueles 90 exigentíssimos minutos - contra o actual campeão europeu, repito - no meio-campo do Wolverhampton esteve João Moutinho, a jogar e a fazer jogar, pressionante e pausando o jogo da sua equipa.

Olhando aquele jogo lembrei-me dos comentários após o jogo da Sérvia, seja dos emproados comentadores televisivos seja dos convictos bloguistas: face ao tal naufrágio em que João Moutinho fora abandonado diante do meio-campo sérvio, dado que Danilo se afundara num quase trio de centrais e Sanches cavalgava pelo estádio da Luz, decerto que devido a instruções que ambos haviam recebido, todos - assalariados, avençados e voluntários - coincidiam na doutoral sentença de que o veterano Moutinho "já não tem pedalada" para jogos daquele quilate. Ora se há coisa que se pode afirmar é que quem arranca uma jogatana daquelas, no seu peculiar estilo quase mudo, diante do super-Chelsea tem todo o pedal necessário para jogar contra a mediana Sérvia. Precisa apenas, para não sofrer os dislates dos comentadeiros arrivistas, de estar inserido numa equipa tacticamente estruturada, nisso imaculada se possível. E não a remar sozinho contra... as divergentes correntes.

Ou seja, isto de chegarmos ao Catar não periga devido aos jogadores. (Nem aos comentadeiros). Pois há jogadores suficientes de grande qualidade para "dar a volta" à situação, veteranos como Moutinho ou Cristiano, maduros como os Silva ou Cancelo, jovens como Nunes ou Mendes. Mas o que é necessário é que Santos "dê a volta" a si mesmo, suas certezas e teimosias. Que o Pai Natal lhe traga essa flexibilidade é o que eu peço. Para a nossa alegria.

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