Carrillo
Ficaremos, talvez hoje, a saber de forma oficial que o benfica é o próximo clube do peruano Carrillo. Uma novela já com quase um ano e que desde meados de Setembro, quando Carrillo deixou de ser opção, se mostrava ser óbvio que o seu destino seria porto ou benfica. Para lá da questão do jogador em si, dos valores que pedia para renovar e dos que lhe foram propostos pelo Sporting, a questão principal aqui é a disputa que gerou um jogador do Sporting pelos seus dois maiores rivais. A declaração de PdC é tão só o assumir de uma derrota nesta contratação, ao velho estilo aliás do porto. Por outro lado o silêncio de LfV, com a curiosidade de não existir até agora um jornalista que seja capaz de lhe fazer uma pergunta sobre este assunto, tendo delegado no treinador a resposta oficial do benfica, curiosamente numa conferência de imprensa onde depois de afirmar que qualquer treinador gostaria de ter um jogador como Carrillo, não ter, mais uma vez, qualquer jornalista que insistisse na questão, revela-nos que foi intensa a luta entre porto e benfica para assegurar este jogador. Mas esta disputa não se centrou nas qualidades de Carrillo como jogador, que as tem. Não era de todo o ponto essencial neste caso. Desde que Bruno de Carvalho (e não o Bruno, ou o Bruno Miguel, ou como agora até “sportinguistas” escrevem o Azevedo, na tentativa já desesperada de o colar ao ex-presidente do benfica que se encontra a cumprir pena de prisão) foi democraticamente eleito Presidente do Sporting Clube de Portugal que o paradigma instituído nas últimas décadas sofreu um forte revés. De grande clube do passado, com uma grande história, mas no presente remetido a uma condição secundaríssima na disputa de títulos, situação aceite de bom grado pelas anteriores direcções, passámos a disputar com benfica e porto os títulos das competições internas. E aqui é que devemos olhar para o caso da contratação de Carrillo pelo benfica. A ânsia dos benfiquistas em conseguir roubar um jogador ao Sporting, demonstra que se sentem verdadeiramente incomodados pelo facto do Sporting de hoje não ser mais aquele clube simpático, de quem falavam, com doses maciças de um paternalismo hipócrita, que era necessário ao desporto em Portugal e sobre o qual estavam muito preocupados pela forma como estava a perder a dimensão que outrora possuía. Nada mais falso, foram precisamente estes dois clubes em conjunto e de forma concertada que, com o auxílio, por vezes tácito, de anteriores dirigentes do Sporting, tentaram aniquilar o nosso clube. Uma luta a dois pelos títulos é seguramente mais fácil do que a três. Carrillo é a prova que invertemos definitivamente o caminho que nos estava a levar a uma posição onde apenas nos restava disputar o terceiro lugar de qualquer competição onde também estivesse porto e benfica. Demonstra esta corrida por um jogador peruano de 24 anos o reconhecimento pelos nossos rivais que estamos no caminho certo, que estamos como grande clube que somos a retomar a nossa posição em Portugal. No passado bastava um telefonema de PdC e efectuava-se uma troca onde invariavelmente sairíamos a perder, tanto no jogador a receber como nas cláusulas dessa troca. Carrillo representa o reconhecimento por parte dos nossos rivais que estamos de volta, que olham novamente para nós, não com paternalismo ou indiferença, mas sim com receio, reconhecem que lhes podemos efectivamente roubar títulos, numa disputa que eles julgavam estar reservada apenas aos dois. Depois de termos assegurado a contratação de JJ, a ida de Carrillo para o benfica é mais um passo na afirmação do Sporting como o maior clube de Portugal.
Ao jogador desejo-lhe a maior sorte pois vai precisar muito dela.