Caridade, sim! Política, não!
Num outro espaço onde o Pedro Correia escreve, publicou um texto onde fala sobre as declarações «arraçadas» de xenófobas de um candidato autárquico.
Nos comentários a esse breve texto, alguém lhe pergunta: «se o Sr. Ventura fosse do seu Sporting, mereceria a mesma crítica?»
A propósito desta confusão, entre política e desporto, é bom ter presente os ensinamentos de José de Alvalade:
«Caridade, sim! Política, não!
Os tempos andavam conturbados. Sabia-se que, no Sporting, havia uma facção monárquica assumida. José de Alvalade tratou, de entrada, de separar a política e o desporto.
Evangelismo ou caridade, sim. Política ou politiquice, não. Era preciso separar o trigo do joio. E evitar envolvimentos, numa época em que o Rei D. Carlos tinha já a cabeça a prémio, a Carbonária misturava o ódio à Monarquia com a luta de classes, todos os dias eram dia de espera de uma revolução que, enfim, restaurasse a República. Por isso, estrategicamente, apesar de alguns dos seus fundadores serem monárquicos de estirpe e assumirem-no, os fundadores do Sporting colocaram, nos seus estatutos, em jeito de ponto de honra preceituavam “as casas e terrenos do clube nunca, sob qualquer pretexto, poderão ser cedidos para comícios políticos ou de outras reuniões que não sejam a apresentação dos exercícios a que o clube se destina”. E mais se determinava que nas “salas e dependências do clube ou em qualquer parte onde os sócios como tais se apresentem, é dos mesmos rigoroso dever o respeito pelas instituições vigentes, sendo-lhes expressamente proibido quaisquer discussões ou manifestações acerca de política militante”.»
In: Glória e vida de três grandes. A Bola, 1995, pp. 10-11