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És a nossa Fé!

Campeões da ida às urnas, as de voto e as de féretro

Peritos em urnas. Nisto nos tornámos. Salvíficas. Incontornáveis. Inadiáveis. A última oportunidade para resgatar o clube dos seus mais temíveis e terríveis algozes antes da próxima última oportunidade.

Nisto se tem transformado o nosso voto, depositado, na verdade, na urna caixão, tumba de jogadores, treinadores. Presidentes.

A par da condição de maior potência desportiva nacional, alcançámos o estatuto de elite das funerárias da bola. Do mata-mata. Do baralha e mata de novo. Especialistas na gestão de cemitério. 

Nisto se tornou o futebol leonino. Nisto se tornaram as eleições no Sporting. E se antecipadas assim serão, de novo. 

Também já quis ver Varandas fora da presidência. E continuo a querer.

Confesso. No meu reservado e parcialíssimo tribunal Cheguei mesmo a sentenciar: "O som do estádio está aos gritos. Porra...demita-se o gajo!"

Um danado impulso para o radicalismo quase descontrolado, alimentado pela constatação de que as compras foram praticamente só de entulho. Somada à perda de jogadores nucleares que só revelou a incapacidade de preencher os vazios deixados pelos maus negócios. Mais o intolerável silêncio de presidente e director desportivo que nunca deram a cara pela miserável preparação da época que agora ingloriamente finda.

Um rol crítico, transformado em rolo compressor, impiedosamente empurrado pelas derrotas, empates e péssimas exibições da equipa orientada pelos muitos treinadores que depois enterrámos.

O cenário é negro. Deprimente, mesmo! Mas como sair dele? Por outras palavras: que alternativas há a esta incompetente gestão?

A pergunta é retórica, claro que é. Sei que no papel existem alternativas e boas, por isso reformulo a interrogação: Há alternativas viáveis para uma disputa eleitoral a tempo do seu vencedor preparar bem a próxima época?  

Sou da opinião que não, não há.

É conhecida a máxima de que o futebol é a coisa mais importante das coisas menos importantes. Pois, discordo. O futebol é tão importante como as coisas mais importantes. 

Todos concordarão que o Sporting é uma nação. Que move milhões. De sonhos e de euros. Que tem um papel fulcral na defesa dos valores que constituem as sociedades cobiçadas pelos povos desvalidos que há pelo mundo fora. Que forma homens e mulheres. Que é um embaixador da excepcionalidade dos portugueses na arte da bola.

Todos sabemos que muitas vezes o Sporting, um jogo de futebol do Sporting, é a coisa mais importante à face da terra. 

Teve ou não contornos de fim do mundo aquela canalha combinação de resultados de ontem na Luz e na pedreira? E o impante Salvador e a sua soberba incontida alavancada pela insuportável ascensão ao pódio de onde nos desalojou? 

Para mim, evitar que o acima descrito se repita é tão importante e consumir-me-á tanto quanto ter a certeza que o SNS está cheio de saúde.

 O futebol não é um caso sério, é seriíssimo! Como tal, quem gere e preside aos destinos do nosso clube tem de ser criticado, supervisionado, interrogado, implacavelmente cobrado. A cultura deve ser a da exigência através de uma insistente e consistente crítica com alternativa apresentada, como fazem as boas oposições partidárias aos Governos nas verdadeiras e sólidas democracias liberais. A chamada marcação cerrada. Com pressão alta e equipa balanceada para o ataque construtivo, só assim ganhadora.

A apresentação e consequente consolidação de uma alternativa só acontecerá através de um trabalho a tempo inteiro, feito durante o mandato presidencial. 

Aqui chegado, pergunto. Que alternativas são verdadeiramente conhecidas do grande universo leonino? Que escolhas poderemos fazer que nos dêem as garantias de sucesso, para além do fraco consolo de nos fazermos ouvir, na forma de voto, sobre uma coisa que no fim redundará mais numa fezada do que numa certeza?

Temos o impulso (e eu também a ele soçobrei ao longo da época) de logo convocar eleições, destituir, correr com quem dirige o clube, porque não nos dá as vitórias que queremos. Não nos faz campeões de futebol.

Mas como coisa séria que é o futebol permito-me o exercício de perguntar se era aceitável adoptar a prática de deitar abaixo por sistemas os Governos que não executassem as políticas certas para todos termos aumentos salariais de 20% a cada ano da governação (sei que é subjectivo mas é nesta ordem de grandeza proporcional que estimo o valor da conquista do campeonato).

Ir para eleições sem alternativas conhecidas e reconhecidas, não será mais que uma reacção em vez de uma acção. Um impulso para satisfazer a ausência de vitórias dentro das quatro linhas e que teria uma só virtude: emoção, o sentimento que cimenta o futebol. 

Ora, valha-nos isso, a tendência sufragista, a paixão pelos candidatos e facções em disputa, mais a incerteza do resultado seriam a garantia de que a maioria de nós ganharia. Pelo menos nas urnas. Mas seria enganador. Ninguém ganharia verdadeiramente.

Faço por isso votos para que as eleições não sejam "agora!", "já!", e sim quando houver projectos e equipas definidos e de todos conhecidos.

Antes disso, para mim, tudo não passará de uma ida às urnas sinónimo de caixão. De pôr os votos numa futura tumba, cujo destino será o cemitério cada vez maior de sonhos que vamos enterrando. 

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