Cada lampião é um ****ão
Falando de cânticos, de estádio nacional, de clubes com a cruz de Cristo (agora torre de Belém, vermelha e branca) do clube de Salazar e do Sporting, do nosso Sporting.
Situemo-nos, o muro de Berlim tinha caído há pouco tempo, o Porto de Artur Jorge tinha sido campeão europeu, eu tinha acabado de cumprir o serviço militar obrigatório (para onde entrara, estupidamente, com 18 anos; tivesse esperado mais um pouco e os "jotas" que nos [des]governam tinham acabado com aquilo).
Tinha vinte anos, deixara para trás uma promissora carreira de mancebo, de graduado, de futuro oficial (se calhar já estava reformado) do exército português e iniciava uma ainda maior e mais importante carreira de ajudante de electricista (na altura com dois "cc") na construção do primeiro arranha-céus na zona do Prior Velho (de dia) e de aplicado (eh, eh, eh) estudante nocturno na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (à noite).
Morava num quarto alugado na Rua do Passadiço (não foi por acaso) e conversava muitas vezes com Osvaldo (esse mesmo) numa tasca (agora chamar-se-ia uma cervejaria/pastelaria gourmet, a última vez que lá passei servia chamuças "fast-food") da rua do Telhal.
Foi por essa altura que me fiz sócio do Sporting; foi por essa altura que cantando aquela frase que intitula este "post" o senhor que estava ao meu lado no antigo estádio José Alvalade me disse:
- Não cante isso, que eles gostam
- Gostam?
- Qual o homem que não quer que a sua (dele) mulher seja valorizada? Um lampião nem merece ser enfeitado (nem cornos merece, como se diz no meu Ribatejo)
(e eu, calma, calma)
- Não foi nada disso que eu disse (a língua portuguesa é muito traiçoeira) aquilo que eu estava a dizer era um apelo ao "fair-play", estava a gritar a plenos pulmões: CADA LAMPIÃO, É UM AMIGÃO!
Olhamo-nos e sorrimos... siga o jogo.