Cabeça fria
Não tendo o clube podido amararrar e prender Rúben Amorim numa masmorra de Alvalade, umas vezes, na academia de Alcochete, outras, libertando-o apenas para os treinos e idas ao banco; a saída do Sporting daquele grande fazedor de vitórias era inevitável. Perante isso, a interrogação que se colocou à Direcção (o que fazer?) é exactamente a mesma que se coloca hoje.
Eu concordo com a resposta dada. E faço-o com perguntas: Quem teríamos ido buscar? Que bons treinadores, e repito bons, que bons treinadores havia ou há disponíveis no mercado já com as competições em andamento?
João Pereira era e é uma escolha óbvia. Mesmo que os primeiros resultados dêem razão a quem pense o contrário, João Pereira parece-me a solução acertada. Bem sei que contra os factos (3 jogos, duas derrotas e uma vitória) é difícil apresentar argumentos que corroborem a tese aqui defendida. No entanto, permaneço convicto que ao contratarmos um novo treinador os riscos de insucesso seriam ainda maiores. A decisão a ser tomada, como muitos pedem, acredito, podia não ser mais do que uma chicotada psicológica. Estéril.
O modelo de jogo seguido por João Pereira tem sido o mesmo que o antecessor aplicava, o sistema também. Os jogadores não deixaram de saber jogar à bola. Falta liderança? Sim! E essa ausência de comando será sempre imputável em primeira instância ao treinador, claro que sim. Mas como estamos a falar de homens feitos e não de órfãos desvalidos, João Pereira não está sozinho nas responsabilidades do mau futebol praticado, da falta de raça, empenho, intensidade e vontade de ganhar.
Fulo e, até indigando, com o que jogámos este sábado com o Santa Clara, confesso que não aplaudi a equipa no final do jogo. Não porque não acredite na equipa ou porque tenha deixado de a apoiar, nada disso. O silêncio usei-o para sinalizar e reforçar a ausência de razões para aplauso. Os jogadores não podem ser apaparicados depois da figura que fizeram. E o mesmo é válido para a equipa técnica. Não devemos assobiá-los, mas, seguramente, não temos de aplaudi-los quando jogam tão pouco!
Do treinador, aos jogadores, Presidente e estrutura do futebol, este é um momento para líderes. E, julgo, também nós sportinguistas, parte activa da abstracta massa adepta, temos de ter cabeça fria.
Do mal o menos: desabituámo-nos das derrotas. Habituámo-nos a ganhar. E não só. Hoje, temos como hábito a coesão dum clube que tem sabido conquistar a aquilo que se propõe conquistar.