Bruno saiu na melhor altura
Nada sabemos sobre o que irá seguir-se no futebol. Nem sobre o que será a época 2020/2021: estes são tempos inéditos para todos nós, à escala global.
Mas podemos extrair conclusões do que já passou. E concluir, sem reservas mentais de qualquer espécie, que a transferência de Bruno Fernandes para o Manchester United, concretizada a 28 de Janeiro, foi o último grande negócio feito entre duas equipas europeias até cair o pano devastador do Covid-19.
Durante os meses que vão seguir-se, se não mais de um ano, será mesmo o último grande negócio na Europa do futebol. Tiro o chapéu à administração da SAD por isso. E estou à vontade, pois em Novembro tinha defendido aqui a saída de Bruno só no final da época, convicto de que iria valorizar-se no Campeonato da Europa. Se alguém tivesse seguido o meu conselho, Bruno estaria hoje a desvalorizar-se todos os dias como principal activo do Sporting, sem jogar, sem perspectivas de retomar a actividade a curto prazo, vendo o Euro-2020 adiado por um ano que parecerá interminável.
Há que sublinhar esta evidência sem rodeios: vendemos Bruno Fernandes na melhor altura, por um excelente preço.
Como sabemos, foi a nossa melhor venda de sempre, superando largamente o anterior recorde, que durou três anos e cinco meses: a venda de João Mário para o Inter. E ainda salvaguardámos uma percentagem de 10% em futuras transferências do jogador para outros emblemas a partir de Manchester.
Este negócio seria hoje irrepetível. E só passaram dois meses.
Os preços dos jogadores estão agora inflacionados: nos dias que correm, não correspondem nem de longe aos actuais preços reais do mercado. Esta é uma excelente oportunidade para comprar, por isso mesmo. E uma péssima ocasião para vender.
Eis um efeito colateral do coronavírus, que está a alterar radicalmente a bolsa de valores no futebol. Espero que no Sporting haja gente atenta a isto. Dando prioridade à recuperação dos melhores que formámos: não pode haver melhor ocasião para trazê-los de volta a preços módicos. Com a esperança, claro, de um dia voltarmos a ver o próprio Cristiano Ronaldo a equipar novamente de verde e branco.
O que seria de nós sem fé no futuro em tempos de pandemia?