Bruno e brunismo
O Pedro Correia traz aqui alguns excertos da última entrevista de Bruno de Carvalho ao Expresso, onde é mais que visível o estado de degradação da personagem que há um par de anos era o presidente incontestado do Sporting Clube de Portugal e que agora vive sem emprego, com obrigação de apresentação diária na esquadra do bairro, numa casa que colocou no mercado, com três divórcios mais ou menos litigiosos, vários processos na justiça em curso, alguns que poderão vir a descobrir cofres escondidos, diz ele que já integra a lista dos terroristas dos EUA. Do que não fala é doutras dependências, quem quiser acreditar que toda aquela alucinação e ausência em momentos críticos se deveu à preocupação com a filha que acredite. Na próxima semana teremos a AG que mais que provavelmente o irá expulsar de sócio, os 69/31 de ontem deverão ser ampliados, e a verdade é que vai ser o "enterro do morto", depois da assembleia de Junho do ano passado. Ele "morreu" para o Sporting.
Mas, "enterrado" o Bruno, o brunismo continua bem vivo no Sporting e até vai capitalizar o "enterro".
Mas afinal o que é o brunismo?
Da forma como eu o vejo, o brunismo consiste numa reacção orgânica e geracional ao progressivo definhar do Sporting no plano financeiro e desportivo sob a liderança dos delfins de José Roquette, que conseguiram dois títulos no futebol e estiveram à beira de mais dois e de uma taça europeia, mas que foram sendo cada vez piores, culminando na liderança absolutamente desastrosa de Godinho Lopes.
Posso identificar algumas ideias base no brunismo (aqui limito-me a reproduzir o que vejo escrito por aqueles que se reclamam dessa área), naquilo que pretende para o clube:
1. Uma atitude de guerra sem quartel com os rivais, Benfica e Porto.
2. Uma atitude de combate nas esferas do mundo do futebol e das modalidades.
3. Uma cultura de exigência extrema no que respeita às equipas e atletas.
4. Uma política de comunicação agressiva e a marcar a agenda.
5. Uma gestão financeira expansiva, procurando optimizar sponsorização e patrocínios.
6. Uma política de compras directas a procurar a posse plena dos atletas de forma a gerar os maiores lucros em posteriores vendas.
7. Uma política de vendas que lute até ao último cêntimo pelo valor do atleta.
8. Uma política de aproximação aos sócios com preços para ter sempre o estádio e pavilhão cheios.
9. Uma política de aproximação às claques, como vanguarda do espírito do clube, contratualizando e facilitando todo um conjunto de questões.
10. Uma política de guerra não declarada mas sem quartel aos poderes históricos constituidos dentro do clube, Conselhos Leoninos, Cinquentenários, Stromps, etc.
Podemos questionar se, à luz destes princípios, o Bruno foi um bom brunista. Também podemos questionar se o Bruno quis ou ainda quer que o brunismo morra com ele, porque em todas as suas intervenções tem vindo a desqualificar os mais prováveis sucessores, como Carlos Vieira, e a mostrar-se orgulhosamente só.
Mas, do que não tenho dúvidas, é que os brunistas estão cada vez mais cientes que Bruno nunca mais, e que na falta de sucessor vão canalizar toda a sua energia para ser oposição ao "traidor" e "golpista" Varandas.
E se calhar vai ser mais difícil os brunistas encontrarem um novo Bruno “Live fast, die young and have a good-looking corpse!” do que Varandas ter o tempo suficiente para que a reestruturação abrangente que está a efectuar e a equipa competente que encontrou produza frutos, um Sporting a ganhar no estádio e no pavilhão, umas finanças equilibradas e a tal estabilidade tão ansiada no clube.
Entretanto vamos tendo uma oposição bastante minoritária mas ruidosa, nas redes sociais, no estádio e no pavilhão, mas por favor tenham vergonha e deixem de fazer as tristes e patéticas figuras que fizeram ontem no belo pavilhão João Rocha.
SL