Bruno (2)
Enquanto Hilário brilhava, Damas reinava e Yazalde já muito marcava, Quino deu-nos a maravilhosa e intemporal Mafalda. Haverá gente incapaz de perceber que Quino está acima de Messi ou Maradona. Pois há de tudo neste mundo, e infelizmente esse "tudo" muito se nota no "Universo Sporting". Mas há quem tenha crescido com ela. Tenho que crer que cada vez menos estes vão aos estádios.
Bruno Fernandes transfere-se para o Manchester United. Ao mesmo tempo Daniel Podence transfere-se para o Wolverhampton. Imensos protestam com o pouco dinheiro (!) que Fernandes custou. E também com o que Podence não fez o clube lucrar. Num país de nível de vida baixíssimo comparado com os seus vizinhos, onde se ganha mal e se pagam imensos impostos, coisa que qualquer emigrante sabe - até porque a maioria deles não são futebolistas muito bem pagos - é isso que desperta os ânimos, a discussão sobre a "economia" do futebol, do clube. Sobre o dinheiro do qual, pouco ou muito, os ululantes não verão um cêntimo. E do qual os seus filhos ou netos nada aproveitarão, em actividades formativas ou apenas prazerosas. E de novo soam os alarves gritando a imoralidade, a traição dos jogadores que, um dia, com todo o direito moral rescindiram os contratos com uma entidade patronal que não assegurava a sua segurança.
Moribunda vai a razão, quando sub-remunerados vêm gritar para a internet que mais ou menos (que interessa isso!) 60 milhões de euros para exportar uma licença desportiva de um futebolista é pouco dinheiro. Moribunda e imbecilizada, e não me venham com a divina "oferta e procura". Imbecilizada razão pois os impropérios vêm de gente de um país que exporta 800 milhões de euros anuais de vinho, cerca de 900 milhões de cortiça, ou 18000 milhões na metalomecânica. E a esta aberrante disparidade nada dizem, nada tugem, nada mugem.
A bola é importante? É, diverte-nos. Mas é tétrica. Pois faz-nos ouvir esta "claque". Absurda.