Bola a sério
Ontem, dia de tratar de comer as sobras do jantar de fim de ano, estive a acompanhar um jogo da liga inglesa, o Brighton X Chelsea, que terminou com um empate a uma bola.
Marcou cedo (10') o Chelsea por Azpilicueta e empatou o Brighton já quase ao cair do pano (84') por Alireza (?), numa "bicicleta" de fazer levantar o estádio.
Foi um jogo muito disputado, a exemplo de praticamente todos os da Premier League, ao contrário do que muito boa gente diz, que só entre os da frente a coisa entusiasma.
Segundo as estatísticas do jogo, quem as consultasse sem o ter visto, acreditaria ter assistido a uma batalha campal já que com 5 cartões amarelos mostrados (2-3) e 23 faltas cometidas no somatório das duas equipas (8 para os da casa e 15 para os forasteiros), podíamos ter a ideia de um jogo bastante quezilento. Nada mais falso! O primeiro amarelo é mostrado a um jogador do Chelsea aos 82' e o último aos 90'+4 também para um jogador dos londrinos, consequência do forcing do Brighton para alcançar o empate e depois para tentar ainda a vitória, que lhe assentaria muito bem.
No meio disto tudo, dei comigo a pensar que grande parte dos lances em que o árbitro fez aquele sinal com os braços estendidos em frente, por estas bandas, seria certamente motivo para um coro de assobio, provavelmente a marcação de falta e a amostragem de um ou outro cartão amarelo. A amostragem dos 5 amarelos, realço, não foi resultado de faltas ou erros grosseiros, antes fruto da luta um pouco mais intensa, nada por aí além, um deles até curiosamente por falta de fair-play de um jogador do Brighton na disputa de uma bola ao solo.
Dia 1 de Janeiro. Estádio cheio de um público entusista. Vinte e cinco pessoas dentro do campo empenhadas em proporcionar um bom espectáculo a quem ali se deslocou, lutando pela vitória, sem "ronha", sem "teatro" e os três da arbitragem interessados em fazer fluir o jogo.
Nenhum cartaz, faixa, tambor, fumo.
Marcas de prestígio nos placards e nas camisolas dos intervenientes, sinal de que o negócio é credível e as empresas sabem que estão a utilizar um meio que as torna a elas também mais credíveis.
Uma coisa chata, em resumo, onde tudo corre bem, onde até se pode provar que é possível jogar à bola no meio de tanta coisa certinha.
Onde, num país que tem chuvinha quase todo o ano, o relvado estava irrepreensível e aguentou em excelentes condições até ao final do jogo.
Onde é tudo previsível. Excepto o mais importante: O resultado!
Como cá!