Bem hajas, meu fidalgo
A filantropia é uma digníssima actividade que pressupõe duas condições: generosidade e rendimentos. A Sra. D. Tita Balsemão pode dedicar-se de corpo e alma à SIC Esperança sem sombra de suspeita, porque todos sabemos que ela "está bem na vida", mesmo que haja, injustamente, diga-se, quem possa duvidar das suas boas intenções. Além disso a Sra. D. Tita Balsemão é magra, vê-se logo que aquele corpinho não é de muito sustento. Compare-se isto com o gesto daquele cavalheiro muito cevado que puseram à cabeça da Liga. Sem ter dado sinais de conversão à ordem dos carmelitas descalços, eventualmente arrependidíssimo de seus pecados, ei-lo que num gesto magnânimo prescinde do salário, dizem que simpático, inerente ao cargo de Presidente de tão humanitária instituição. O senhor terá meios de fortuna pessoal até aqui ignotos e que o seu público currículo profissional não deixaria prever? Estará subtilmente a contestar a pesada carga fiscal do Estado português sobre os rendimentos do trabalho? Bastar-lhe-á sobreviver com despesas de representação, mesmo aceitando que o valor das facturas de almoços e jantares será sempre plausível? Irá trabalhar à percentagem ou à comissão? O Sr. Arménio Santos não tem uma palavra de profundo repúdio acerca desta ignóbil exploração? É verdade que o Papa também não tem salário, mas o seu serviço é muito menos atroz que o de presidente da Liga Portuguesa de Futebol e, para mais, pode contar com o patrocínio do Espírito Santo, o vero e autêntico.