Avulso
1. No imediato pós-Alcochete aqui escrevi sobre os jogadores de futebol: se puderem rescindam. Pois o acontecido e o processo (político, pois emanado do poder associativo) que o provocou era inaceitável, uma ignominia para o clube e um atentado à sociedade.
Agora, sob outras condições internas, que os jogadores regressem é de saudar. Sob condições em que a sua dignidade pessoal e os seus direitos laborais sofreram atentados decidiram partir. Agora voltam, e é bonito. Se não recuperaram a confiança na instituição, e na ralé imunda que a esta se agregou, é de lamentar mas é compreensível. Sigam e sejam felizes. São os direitos e devem ser indiscutidos - mesmo que dirimíveis em tribunal.
Agora que isto sirva para renegociar ordenados? Para reclamar aumentos? Não. É a negação de tudo o que foi afirmado. E o clube devia ser inflexível.
2. O dr. Varandas deu uma entrevista na passada semana. Mais uma vez usou a "war card", o trunfo guerreiro, no pateta paleio de estar preparado para comandar soldados nos terrenos de combate. Sportinguistas insignes, até membros da sua base de apoio, aventam-me que está linha discursiva será por influência da empresa de comunicação que lhe enquadra a candidatura, que nada mais havendo para o catapultar o convenceu a militarizar o seu perfil. Talvez, mas será o caso típico de pior a emenda que o soneto. Um clube desportivo é para o ordenamento social e formação da juventude, é abjecta a sua utilização para a divulgação de valores belicosos. Ainda para mais neste ridículo registo pomposo.
E ignorante: sabem os mais velhos que até há meio século a administração e gestão empresarial era uma área de grande presença de engenheiros e de ... militares. O mundo mudou, o pais também, a formação muitíssimo. Na política percebeu-se que uma sociedade não é um quartel, no trabalho sabe-se que uma instituição não é uma manobra militar. E que o desporto não é uma guerra, ou sua tradução - como os regimes comunistas entendiam. Ou seja, que "as cadeias de comando (não) são sagradas" e que as diferentes perspectivas não são para perfilar sob toques de alvorada e "ordens unidas". Poderá ser que o dr. Varandas seja o melhor candidato para o clube mas, caramba, o bafiento cultural é do piorio para o país.
3. O egocêntrico Eduardo Barroso deu uma entrevista. E lembra um episódio que o jornalista esclarece. Uma invasão de campo em Alvalade em que o presidente Bettencourt enfrentou, com galhardia, os ofensores - pode a sua presidência ser criticável mas essa atitude é muito louvável (já agora, mostrando que não é preciso ter sido militar deployed, como agora se diz em português de agências de comercialização humana, para se saber e conseguir ser). E o jornalista recorda que a invasão de campo era capitaneada pelo líder claqueiro. Será interessante lembrar que esse líder, uma década passada, estava capitaneando a turba aquando do caso Alcochete. Com acesso a instalações, com diálogo com funcionários, pois presença habitual, e pessoa até içada a personalidade do clube. A besta é acarinhada. Em nome de quê? Do apoio para a conquista de taças de squash, da malha, de futebol?