Atropelados mas vivos
Saído da primeira sessão de fisioterapia, tenho a dizer-vos: Somos uns abençoados! Não é para todos sermos atropelados por um comboio e continuarmos vivos. Amassados, totalmente, mas vivos.
Uma sobrevivência que se afirma, talvez, porque no íntimo de cada leão haja a convicção de que não soubemos, por culpa própria, sair da linha que o Arsenal nos impôs - durante toda a primeira parte testemunhei-a do meu lugar no estádio, alinhado que estou com o limite da grande área: uma cerca inglesa apoiada numa linha de 4, coesa, agressiva, intensa, sempre capaz de destruir-nos e aos nossos tíbios ensejos ou fragilíssimos laivos de vontade de sair a jogar.
Uma desgraça tanto maior quando a intensidade dos bifes, que nos fizeram em picado, foi proporcional à moleza, displiscência e descrença leoninas. Na primeira parte jogámos sem personalidade e sem atitude. E isso para mim é o mais incompreensível.
Concordo com quem defende que o Marcus Sornas Edwards é vezes de mais um jogador a menos, que Matheus Reis deveria ter jogado de início, que Catamo devia ter entrado mais cedo, mas, repito, para mim foi a atitude da equipa que nos tramou. Incapazes de responder ao fortíssimo Arsenal - diga-se - que cedo nos encostou às cordas, intimidámo-nos, amedontrámo-nos. E com medo nunca se ganha.
Leio e oiço que João Pereira é líder, competitivo, exigente e que muito sabe de táctica e estratégia. De futebol, em suma. Ora sabendo que os nossos jogadores já deram provas que bastem de que também eles são vencedores, ganhadores e campeões; sábado lá estarei, seguro que daremos a resposta que se impõe, ganhando ao Santa Clara. Pondo na linha os espíritos mais derrotistas e descrentes na força deste Sporting.