Assim é que é, Abel
Pois eu gostei muitíssimo das declarações de Abel no final do jogo de ontem.
Ingénuo embora prometendo precaução, extemporâneo apesar de jurar comedimento, falando em nome dos pais de família, o que é bonito, é sempre assim que os tolos confessam com o coração nas mãos o que a cabeça mandaria conter. Ou como diria Napoleão: “nunca interrompas um inimigo quando ele está a cometer erros.”
Acabem com o VAR, e vocês televisões não ponham a linha (aquela perpendicular amarela que mostra deveras o fora-de-jogo), exclamou Abel. E porquê? Deixem os árbitros errar, já que treinadores e jogadores também erram. Poderoso argumento, talvez um pouco corporativo.
Deste modo singelo Abel, sem que o proferisse, explicou o que entende por “errar”: é acertar a favor dele. E a sua exaltação mostra também que algo correu mal ao ter havido interferência nos “erros” do árbitro. Isto, claramente, não estaria no plano do jogo o que foi brilhantemente coadjuvado por aquela abjecção que está presidente do Braga. “Abel” e “Salvador” que bela comédia bufa não se escreveria com personagens com estes nomes.
Fizeram muito bem em ter desabafado a sua frustração. Ficámos todos a perceber.