Às moscas por opção?
Excluindo o último jogo no passado Domingo com o Porto em que, como diria o outro, "obtivemos" uma desastrosa derrota que nos arredou definitivamente do acesso à Liga dos Campeões, as assistências ao estádio têm sido de uma pobreza franciscana e mesmo neste jogo em particular o número de lugares ocupados não chegou aos 40 mil.
Os bilhetes para o jogo da amanhã contra o colosso Mit-qualquer-coisa-land, foram postos à venda há cerca de quinze dias, por valores que eram tão "convidativos" que talvez se vá assistir à pior casa da época. Ou não, que perante o descalabro de vendas (só assim se entende), a partir de ontem é oferecida uma entrada a quem comprar outra, que não é situação virgem, o que denota alguma teimosia ou pior, incompetência. Não seria de todo o interesse ter o estádio cheio a apoiar a equipa, que bem precisa?
Isto poderia entender-se, a falta de interesse, após o afastamento de todos os objectivos da época, mas o prazo-limite para aquisição de bilhetes para os lugares de GB terminou muito antes do jogo com o Porto. Eu diria que propositadamente, não esperava era a cabecinha que colocou os bilhetes a preços estapafúrdios, que o desinteresse pelo jogo fosse o que demonstrou ser.
Eu tenho para mim que isto é propositado. Nenhum dirigente, no seu perfeito juízo ou sem outros interesses que não os de servir o clube, complica a vida a quem quer assistir aos jogos e parece fazer gáudio do número cada vez mais reduzido de gente no estádio (alguns se calhar não põem lá os pés até pelo barulho infernal d'aquela música maluca do pasodoblismo, parafraseando Ary).
Ao que temos vindo a assistir é à depreciação escandalosa da marca Sporting e das duas, uma: Se é por incompetência há que arrepiar caminho, se é propositado e com interesses obscuros, é crime de lesa-estatutos e o remédio é o mesmo que já foi aplicado a outros anteriormente e outra vez arrepiar caminho.
Há dias, no rescaldo do jogo com o Porto, escrevi aqui que Braga e Vitória estão na nossa peugada e a breve trecho corremos o risco de ser por eles definitivamente ultrapassados. Pois ontem o Vitória vendeu 46% da SAD ao grupo dono do Aston Villa, o que aponta para uma "cena" perecida com o Braga, que investe cada vez mais e melhor e vai consolidando a sua posição.
E nós, quo vadis? Continuamos a permitir que o clube e SAD sejam dirigidos por gente incapaz e a conduzi-los em espiral até ao fundo, um fundo tão profundo donde dificilmente sairão? Estaremos disponíveis para deixar que dirigentes que já se percebeu nada entenderem de futebol e muito pouco de gestão, desportiva e outras, deem cabo de 116 anos de história gloriosa? Estaremos disponíveis para que dirigentes, todos, sejam eleitos por meia-dúzia de sócios?
Volto à minha "luta" por um sócio/um voto. Pesemos bem, pelo andar da carruagem haverá apenas uma opção para o clube, que é vender a SAD. E se a opção não for lavagem de dinheiro, ninguém investe um cêntimo se não tiver a maioria do capital social. E aí, vale bem a pena ter um ou dez votos, que o peso dos sócios será o mesmo, zero. Pode ainda acontecer um cenário pior, que é o que acontece em Inglaterra, a venda do próprio clube e aí adeus sócios, passará a fazer lei a máxima de Soares Franco, "os sócios têm que passar a ser meros clientes".
É certo que a alteração estatutária de um sócio/um voto não será garantia de que aparecerá um génio da gestão para comandar o clube, mas garantirá, não tenho a menor dúvida, a sobrevivência do Sporting. O sentimento de participação e a importância que cada voto terá, dará a cada um dos sócios a responsabilidade de utilizar bem o seu voto e de participar na vida do clube. Ao contrário de hoje, em que a maior parte dos votos não conta para nada. Pode ser que finalmente se abra os olhos e se entregue o clube à Democracia, seria o que se esperaria do clube campeão no ano da libertação do País do regime fascista.